A violência sexual contra a mulher não tem cara, profissão, ou idade. No Hospital Regional Norte (HRN), unidade da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), administrada pelo Instituto de Saúde e Gestão Hospitalar (ISGH), referência no atendimento a vítimas desse tipo de crime em Sobral, mais de cem pessoas foram acompanhadas, nos últimos dez anos, por causa dessa violência. Crianças e adolescentes correspondem a 40% dos casos. Quase o mesmo número das mulheres de 18 a 30 anos, que somam 41% dos atendimentos.
Para acolher essas pacientes, o HRN conta equipe multiprofissional dentro do Centro de Apoio à Saúde Reprodutiva da Mulher (CASRM). Elas recebem assistência psicológica e social, correção de possíveis traumatismos genitais, contracepção de emergência e medicamentos para prevenção de contágio por HIV e de outras Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs), além de hepatites.
Em caso de estupro, a vítima recebe medicações e atendimento médico adequado, realizado no hospital de forma integrada. “Temos ampliado o atendimento às pacientes e também dado o melhor acolhimento para essa mulher vítima de violência”, explica a coordenadora médica da Obstetrícia do HRN, a obstetra Eveline Valeriano Moura Linhares. Ela reforça que o ideal é que a vítima de violência sexual chegue ao hospital em até 72 horas para receber a profilaxia adequada.
A médica explica que o protocolo de atendimento e o fluxo de acesso das pacientes foi desenhado para “dar agilidade ao atendimento, preservando a autonomia e privacidade da paciente, promovendo segurança e apoio, reduzindo os traumas de intervenção e a vitimização secundária”. Após a alta, as pacientes são encaminhadas para o Centro de referência em Infectologia de Sobral (Cris), para seguimento do tratamento.
Selo Lilás
O trabalho foi certificado, na última terça-feira (13), com o “Selo Lilás“, uma iniciativa da Câmara Municipal de Sobral que reconhece instituições que promovem políticas públicas para prevenir e combater a violência contra as mulheres. A cor do selo faz alusão ao “Agosto Lilás”, uma campanha dedicada à conscientização e combate à violência contra a mulher, sensibilizando e informando a população sobre a identificação de situações de violência e os canais disponíveis para denúncias e promovendo uma rede de apoio e proteção para as vítimas.
O diretor-geral do HRN, Carlos Hilton Albuquerque Soares, reforça a importância desse reconhecimento. “Estamos felizes e motivados a fortalecer ainda mais as rotinas assistenciais que se direcionam para o cuidado com as mulheres da nossa região, as mulheres que ingressam no nosso hospital. Nós temos estatísticas que nos fazem realmente alertar para que nós melhoremos ainda mais, potencializando essa assistência. É uma média de uma mulher mensalmente que acessa o nosso hospital com queixas direcionadas para esta política e nós estamos atentos a isso”, reforça.
Soares ressaltou ainda a importância do trabalho em rede. “O que nós nos comprometemos com a sociedade da macrorregião é fortalecer os nossos cuidados para que, além da cura biológica, tenhamos uma inserção no sistema para que busquemos a cura social e também contribuamos com as ferramentas próprias da nossa assistência para que a justiça seja alcançada naquele fato pertinente”, completa.
Pontos de Luz
O atendimento do HRN integra a rede de acolhimento estadual Pontos de Luz, funcionando 24 horas, todos os dias da semana. No ano passado, foram 19 mulheres e meninas atendidas. E neste ano, até julho, foram oito pacientes. As maiores faixas etárias de mulheres vítimas de violência atendidas pelo HRN concentram-se de 0 a 17 anos com 43 casos e entre 18 e 30 anos com 44 casos.
Os “Pontos de Luz”, da Rede de Atenção à Mulheres, Adolescentes e Crianças em Situação de Violência da Sesa, contam com equipamentos que atuam em articulação intersetorial para auxiliar, também, na proteção e prevenção de novas situações de agressão.
As informações contidas nesta matéria referem-se às atividades do INSTITUTO DE SAÚDE E GESTÃO HOSPITALAR - ISGH.
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