Uma doença que pode levar mais de oito anos para ser
diagnosticada porque os sintomas são comuns a outras enfermidades, como a
síndrome do intestino irritável. Assim é a endometriose, que atinge mulheres em
idade fértil. A doença causa dores intensas e afeta consideravelmente a
qualidade de vida. Para permitir um tratamento cada vez mais adequado e ofertar
um serviço especializado, o Hospital Geral Dr. César Cals, da rede pública do
Governo do Ceará, realiza o I Mutirão de Endometriose, com treinamento em serviço
e transmissão ao vivo da cirurgia, nos dias 25 e 26 de agosto. A transmissão
terá início às 13 horas, na sexta-feira, e às 8 horas, no sábado.
Podem participar médicos ginecologistas,
coloproctologistas, urologistas, anestesistas, residentes, internos, bem como
enfermeiros. As inscrições podem ser feitas pelo e-mail mcmelojr@hotmail.com.
Ao todo, foram disponibilizas 40 vagas para participantes do HGCC e de outros
hospitais. O treinamento é realizado em parceria com o Instituto Crispi de
Cirurgias Minimamente Invasivas. O objetivo é conscientizar os profissionais de
saúde e a comunidade em geral sobre o diagnóstico e o tratamento da
endometriose e ainda, apresentar aos profissionais as técnicas cirúrgicas
padronizadas para melhor desempenho do procedimento e os tipos de tratamento
clínicos e medicamentosos da doença.
Cinco
pacientes, previamente selecionadas no ambulatório de ginecologia do Hospital
César Cals, passarão pela cirurgia nos dois dias. É o caso de Maria Regina
Rodrigues de Sousa Martins, de 42 anos, sargento da polícia militar. Mãe de um
jovem de 20 anos, ela conta que tinha o sonho de também ter uma filha, o que
não foi possível. Em 1998, ela teve um aborto e as dores sempre se
intensificavam. A doença só foi detectada durante uma cirurgia de
histerectomia, realizada em 2013. “Mesmo eu sempre indo ao médico
constantemente, a endometriose nunca havia sido detectada”, lembra Regina. O
que ela mais deseja após o procedimento é voltar a ter mais qualidade de vida e
praticar esportes. “Eu espero ter uma vida sem dores”, diz esperançosa.
No caso de Maria Regina, a endometriose é ainda mais
específica por já atingir outros órgãos, como intestino e bexiga. As dores são
ainda maiores. “É tanta dor que eu acho que vou desmaiar”, afirma. Pacientes
como ela são atendidas no Serviço de Endometriose Profunda do HGCC, estruturado
em 2016. Para o diretor geral Antônio Eliezer Arrais Mota Filho, o Hospital
César Cals reúne todas as condições necessárias para esse tipo de cirurgia, com
equipamentos de vídeos modernos e estrutura técnica de suporte. “O Hospital
César Cals disponibiliza no serviço público uma equipe multidisciplinar para
possibilitar atender mulheres que sofrem com a doença”, destaca.
Durante os dois dias, os procedimentos cirúrgicos serão
transmitidos ao vivo para os profissionais participantes. Além disso, haverá
também palestras e debates sobre o diagnóstico, tratamento e as técnicas
cirúrgicas. Conforme explica o médico Marinaldo Cavalcanti Melo Júnior, a
endometriose “ocorre quando o tecido que reveste o interior do útero cresce fora
dele, geralmente na superfície de órgãos na cavidade pélvica e abdominal”. Os
principais sintomas são dor pélvica, fluxo menstrual intenso, dor durante a
relação sexual, infertilidade, além de sintomas do intestino e da bexiga, que
também podem ser identificados. “A dor pode ser intensa ao ponto de afetar a
qualidade de vida de uma mulher, comprometendo as funções social e
profissional. Mas ainda há algumas mulheres que são assintomáticas”, explica o
médico.
No Hospital Geral César Cals, as pacientes são acompanhadas
no ambulatório de ginecologia, onde após consultas e exames, são classificadas
conforme as características clínicas da doença e indicação cirúrgica. É feito
um acompanhamento por meio de uma avaliação prévia da história da paciente,
casos na família, exames físicos e exames pré-operatórios indicados para o
planejamento da cirurgia. Por mês, 15 cirurgias são realizadas. O procedimento
é indicado quando a paciente apresenta sintomas, como dores, e não melhora com
o tratamento clínico, como medicação, acupuntura, fisioterapia etc. E ainda
quando os exames de imagens detectam nódulos e lesões que atingem outros órgãos
pélvicos, além do útero.
Fonte: Assessoria de Comunicação do HGCC
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