O
Blog Encontro Com a Saúde teve acesso a um postagem de desabafo do
médico cardiologista Dr Thiago Tomaz, em sua página pessoa do Facebook,
pela perda de um amigo da família, que necessitou de procedimentos
cirúrgicos. Como médico, ele foi até aonde lhe permitiu o seu
conhecimento, até aonde prevaleceu a tecnologia, a técnica e a
habilidade cirúrgica dos seus colegas médicos envolvidos no
procedimento. Porém, não foi o suficiente.
"É
inacreditável mas hoje (24/04/2017) o mundo perdeu um guerreiro, amigo
da nossa família. Parecia que íamos vencer a guerra. Conseguimos o
improvável, após do diagnóstico de um aneurisma cerebral e hemorragia
intracraniana conseguimos uma remoção aérea para a UTI de um hospital
referência no Ceará na doença. Conseguimos fazer um procedimento de
última geração com os melhores médicos da área no Ceará. Fizemos uma
cirurgia na cabeça em vigência de antiplaquetários e você (o paciente
amigo do médico) saiu muito bem. Foi para casa sem sequela nenhuma,
abatido porém não vencido. Guerreiro! andando, verbalizando, lúcido, sem
sequela alguma.
Quando
lhe vi na semana passada achei que a batalha estava vencida, mas a
guerra ainda não tinha acabado. Após novos episódios de vômitos e
soluços foi diagnosticado o maior vilão da atualidade dos hospitais no
Ceará; a infecção hospitalar. Após diagnóstico de meningite e nova
cirurgia com intercorrência de sangramento, você não suportou, foi
demais para você. Difícil acreditar que depois de termos vencido
batalhas tão complexas, anteriormente, perdemos você.
Gostaria
de agradecer, em especial, aos meus amigos e colegas médicos
brilhantes, que me auxiliaram sempre no que puderam sem ganhar nada em
troca. Dr Rafael Teixeira com seus cuidados intensivos, Dr Diego
Bandeira no procedimento de embolização, Dr Neto, Dr Jan e Dr Keven
Ponte no auxílio nos procedimentos em Neurocirurgia, fora as notícias em
momentos complicados. Vocês são os caras.
Resolvi
escrever em tom de desabafo pra saber até quando as autoridades vão
fingir que estamos tratando das pessoas. Temos angioplastia,
neurocirurgia, transplantes, revascularizações, exercemos a melhor e
mais cara medicina e perdemos os pacientes por infecção hospitalar, por
falta de cuidados básicos: superlotação, morosidade do sistema, falta de
insumos de limpeza e lavagem das mãos, falta de antibióticos e meios de
cultura adequados, poucos profissionais médicos, enfermeiros e
auxiliares de enfermagem para centenas de pacientes.
É
revoltante, mas nossos hospitais estão longe, muito longe do ideal. O
sistema é bruto e mata milhares de pessoas a cada hora no nosso país.
Luto pelo nosso amigo da família e pela nossa saúde pública. Fiz o que
pude mas não foi o suficiente... que Deus abençoe, dê força e conforte
todos os familiares e amigos. No que precisarem de mim estarei aqui.
Abraço apertado!"
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