Doar leite materno é um ato de amor. Entretanto, em
vésperas de feriados prolongados como o Carnaval, as doações costumam cair.
Essa redução já é constatada no Hospital Infantil Albert Sabin (Hias) e no
Hospital Geral de Fortaleza (HGF), ambos da rede pública de saúde do Governo do
Ceará. Juntas, as unidades têm 69 bebês internados que dependem do leite
materno para se recuperarem, dos quais 35 no HGF e 34 no Hias.
Segundo o médico responsável pela Unidade de Médio Risco do
Albert Sabin, Fernando Benevides, as crianças que utilizam essas doações são
bebês cirúrgicos, prematuros ou que sofrem de alguma síndrome. “Temos 22 bebês
somente aqui no Médio Risco e eles precisam do leite humano como fonte
importante para aumentar a resistência e para evitar uma coisa que hoje está
muito frequente: a alergia à proteína do leite”, afirma. Os outros 12 bebês pacientes
do Hias estão internados na UTI Neonatal.
De acordo com Fernando Benevides, o leite humano é um
imunomodulador natural, ou seja, aumenta a imunidade e resistência dos bebês.
“Não tenham dúvida de que a melhora deles é mais rápida com esse leite. Não só
a melhora, como também o ganho de peso e o tempo da permanência hospitalar, que
acaba sendo reduzido”, ressalta o médico. Para trabalhar
confortavelmente durante o ano atendendo todas as crianças que dependem do
Banco de Leite Humano do Albert Sabin, seria necessária uma base de doações
semanais que somassem 30 litros. O equivalente a 120 litros por mês. Mas o
número não tem sido alcançado.
No Hospital Geral de Fortaleza, a situação não é diferente.
Atualmente, 35 recém-nascidos estão internados na UTI Neonatal e, assim como no
Albert Sabin, são bebês prematuros, com má formações ou doenças graves que
necessitam não só de cuidados médicos especiais, mas essencialmente de leite
materno para uma recuperação saudável. As doações são de extrema importância
para manter o estoque de leite sempre suficiente para alimentar todos os bebês
internados, inclusive durante os feriados prolongados. Nesta segunda-feira, 20,
o estoque do Banco de Leite Humano do HGF, está com apenas sete litros de
leite.
Doadoras
As mães que acompanham os filhos e filhas internados também
podem ser doadoras. Elas podem estocar leite para seus respectivos bebês e
também doar uma parte para os demais. Muitas delas, no entanto, são afetadas
pelo estresse da internação e não conseguem produzir leite, sendo preciso
contar com a solidariedade de outras mulheres.
É o caso da Maria Beatriz, de 18 anos, mãe de primeira
viagem. Ela teve um casal de gêmeos em 31 de dezembro de 2016. Mas devido às
complicações sofridas após uma gestação de apenas 25 semanas, um dos bebês não
resistiu. A outra criança ainda está na UTI lutando pela vida e precisa de
leite materno diariamente.
“Eu tenho reunido forças para continuar, pois a Alice só tem um mês e 20 dias,
e como não tenho leite suficiente para ajudar na recuperação completa dela, eu
dependo da ajuda de outras mães. Por isso, é tão importante que outras mulheres
possam doar e nos ajudar”, declara.
A psicóloga Nayana Almeida Cruz de Valões é doadora das
duas unidades: HGF e Hospital Albert Sabin. “Doei um período para o HGF, agora
estou doando para o Hias”, disse ela, complementando, “sei que às vezes pode
ser difícil tirar o leite, mas é uma forma de ajudar e só pode ser feito no
momento da amamentação.”
Nayana disse ter facilidade para produzir leite para a filha Júlia, de 4 meses,
e achou que doar uma parte do leite que produz seria uma boa opção. "A
gente pode cuidar do nosso bebê e de outros também”, destaca a psicóloga.
Pasteurização do leite
Qualquer mulher em boas condições de saúde que amamente e
queira ser doadora pode ligar para o 3101.3335 (HGF) ou para o 3101.4189
(Hias). O Albert Sabin disponibiliza ainda o número 0800-280.4169 para
ligações. Em ambas as unidades, equipes estão de prontidão para orientar as
doadoras no manejo do leite materno, o qual pode ser coletado na casa da
lactante sem a necessidade de deslocamento da mãe. A coleta do leite doado é
feita gratuitamente em domicílio.
A maioria das mulheres que amamentam produz mais do que o
necessário para alimentar o bebê, especialmente do terceiro ao quinto dia após
o parto. A produção do leite depende do esvaziamento da mama e, quanto mais a
mulher faz isso, mais leite ela será capaz de produzir. Para estocar, podem ser
utilizados vidros de café solúvel esterilizados. O leite deve ser conservado no
congelador por até 10 dias. E caso seja descongelado, não pode ser congelado
novamente.
O leite doado, quando chega ao hospital, passa por um
rigoroso processo de pasteurização (tratamento térmico para manter a qualidade
e destruir microrganismos que causam doenças), que é precedido por análises
físico-químicas e microbiológicas. Todo o processo de pasteurização leva em
torno de 48 horas. Só então é liberado para o consumo dos bebês. O leite
materno ajuda a reduzir a mortalidade dos bebês. Além disso, protege contra
infecções e outras enfermidades.
Benefícios para a mãe e para o bebê
Na amamentação, os bebês recebem os anticorpos da mãe para
proteção contra infecções, principalmente diarreia e pneumonia. O leite materno
diminui ainda alergias e obesidade. Além disso, está relacionado ao
desenvolvimento da inteligência do bebê. Amamentar também é importante para a
saúde da mulher. O sangramento após o parto é menor, assim como os riscos de
desenvolver anemia. A mulher também corre menos riscos de câncer de mama,
ovário, e ainda de diabetes e infarto. Além da mãe que amamenta, toda a rede
familiar pode apoiar o aleitamento.
Serviço:
Banco de Leite do Hospital Infantil Albert Sabin
Banco de Leite do Hospital Infantil Albert Sabin
Atendimento: segunda a sexta-feira, das 7 às 17h
Rua Tertuliano Sales, 544-B, Vila União, Fortaleza
0800 280-4169
Banco de Leite Humano do Hospital Geral de Fortaleza
Atendimento: segunda a sexta-feira, das 8 às 16h
Rua Ávila Goulart, 900, Papicu, Fortaleza
(85) 3101-3335
Assessora de Comunicação do Hias
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