Buenos Aires – O estetoscópio ou fonendoscópio se transformou, no século XX, no símbolo mais reconhecido da profissão médica, mais até que o bastão de Esculápio, com sua serpente enroscada. Entretanto, 200 anos após sua invenção, com o surgimento dos ecocardiogramas portáteis de bolso ou "ecocardioscópios", há quem argumente que o estetoscópio vive seus últimos anos de serviço à medicina.
Em um duro editorial publicado na última edição da Revista Argentina de Cardiología, o Dr. Miguel García Fernández, professor do departamento de medicina da Universidad Complutense de Madrid, afirmou: "O estetoscópio está se aproximando de sua morte". E advertiu que em breve, quando os equipamentos de imagens forem uma alternativa barata e difundida, o uso exclusivo do estetoscópio "poderá ser indicativo de má prática em nossa prática clínica".
O novo artigo se soma ao debate dos últimos anos, que coloca defensores e críticos do estetoscópio em lados opostos do ringue. Enquanto para os primeiros ele continua sendo um valioso instrumento para a prática clínica e um pilar da relação médico-paciente, os segundos colocam em foco os erros diagnósticos e a necessidade de substituí-lo por dispositivos modernos de ultrassom mais precisos e oferecem informações mais significativas para a atenção clínica.
Segundo o Dr. García Fernández, a resistência em abandonar o estetoscópio responde em parte "aos sentimentos que logicamente se geram quando vemos atacado o instrumento que tantas vezes nos ajudou e que foi fiel companheiro de nossa prática clínica. Mas os sentimentos não valem na ciência e os fatos são, em minha opinião, muito claros e firmes".
"A tecnologia ao nosso redor se move em um ritmo de tirar o fôlego e influencia nossa vida cotidiana de um modo inimaginável poucos anos atrás. E, no entanto, caminhamos com estetoscópio em nossos bolsos ou ao redor do pescoço!", disse o Dr. Sanjiv Kaul, do Knight Cardiovascular Institute da Oregon Health & Science University (OHSU), em Portland (EUA).
"É o momento de deixar essa tecnologia de 200 anos e abraçar o mundo moderno. Ou vamos parecer dinossauros!
Dr. Miguel García Fernández |
Fonte: Medscape
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