sábado, 16 de abril de 2016

Doenças venéreas levaram homem (e a mulher) à monogamia

Um estudo publicado na Nature Communications sugere que o impacto das doenças sexualmente transmissíveis na sociedade pode ter influenciado a passagem da poligamia para a monogamia
De acordo com o estudo, a disseminação de DSTs bacterianas em grandes populações poligâmicas teria reduzido a taxa de fertilidade destas sociedades, o que permitiu que as populações monogâmicas - menores até então - se tornassem dominantes(Thinkstock/VEJA)
As doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) teriam sido as responsáveis pelo surgimento da monogamia em nossa sociedade. De acordo com um estudo publicado na revista científica Nature Communications, a passagem de uma sociedade poligâmica para a monogâmica pode ter sido ocasionada pelo impacto das DSTs nas grandes comunidades que surgiram com o início da era agrícola.
O estudo, realizado por pesquisadores da Universidade de Waterloo, no Canadá, e do Instituto Max Planck para Antropologia Evolucionária, na Alemanha, baseou-se em modelos matemáticos. Os autores utilizaram estes modelos para analisar se infecções bacterianas sexualmente transmissíveis que podem causar infertilidade, como clamídia, gonorreia e sífilis, afetaram populações de tamanhos diferentes.
Os resultados mostraram que em comunidades poligâmicas pequenas (com cerca de 30 pessoas), os surtos de DSTs tinham curta duração. Isso permitia que a população logo se recuperasse e permanecesse como o modo de vida dominante, já que tinha um número maior de integrantes - em comparação com as tribos monogâmicas.
Entretanto, nas sociedades poligâmicas maiores (com cerca de 3000 integrantes) acontecia um efeito contrário: em vez destas doenças desaparecerem rapidamente, elas se tornaram endêmicas. Esse efeito causava uma redução na taxa de fertilidade e, consequentemente, a redução no tamanho destas populações. Com o passar do tempo isso permitiu que as sociedades monogâmicas se tornassem predominantes, com direito à punição daqueles que continuavam poligâmicos.
"Nosso estudo mostra que as DSTs se desenvolvem de forma diferente, dependendo do tamanho dos grupos humanos e se eles são monogâmicos ou poligâmicos. Este estudo mostra como os eventos naturais, tais como a propagação de doenças contagiosas, podem influenciar fortemente o desenvolvimento de normas sociais e julgamentos morais", explicou Chris Bauch, da Universidade de Waterloo e coautor da pesquisa, à AFP.
Apesar dos resultados, os autores afirmam que erradicar as DSTs não nos faria voltar ao estilo poligâmico. "Há vários outros fatores que fazem a sociedade impor a monogamia. Acredito que é prematuro dizer que o casamento vai desaparecer ou que a poligamia vai retornar se a questão das DSTs for resolvida", afirma Bauch.
AFP
(Da redação)
VEJA

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