segunda-feira, 15 de dezembro de 2025

Apneia obstrutiva do sono pode aumentar o risco de doença de Parkinson, sugere estudo

12 de dezembro de 2025 

Apneia obstrutiva do sono pode aumentar o risco de doença de Parkinson, sugere estudo Dr. Mauricio Wajngarten 

A doença de Parkinson é uma condição neurológica crônica e progressiva, cuja incidência e prevalência aumentam significativamente com a idade. A prevalência global tem crescido nas últimas décadas, impulsionada principalmente pelo envelhecimento populacional. 

A hereditariedade estimada é de 20-40%, indicando papel relevante, mas não exclusivo, dos fatores genéticos. Fatores ambientais e comportamentais também têm sido envolvidos no aumento do risco da doença (são eles: exposição a pesticidas, solventes clorados e poluentes atmosféricos, consumo elevado de laticínios, exposição a metais pesados, traumatismo craniano e diabetes tipo 2). 

Agora pesquisadores encontraram uma possível associação entre apneia obstrutiva do sono (AOS) e o desenvolvimento da doença de Parkinson. [1] 

O estudo 

Estudo de coorte baseado em prontuários eletrônicos de saúde incluiu mais de 11 milhões de veteranos de guerra americanos (9,8% mulheres, idade média de 60,5 anos), com acompanhamento médio de quase 5 anos. O resultado primário — a incidência acumulada de doença de Parkinson — foi calculado pelo risco concorrente de morte após ajuste por idade, raça, sexo e estado de tabagismo. Dos veteranos incluídos, 13,7% tinham AOS. 

Seis anos após o diagnóstico, os veteranos com AOS demonstraram 1,61 casos adicionais de doença de Parkinson por 1.000 pessoas, na comparação com veteranos sem AOS. O número de casos foi significativamente reduzido mediante tratamento com pressão positiva contínua nas vias aéreas (CPAP) no início do curso da doença.

 Implicações 

Neste estudo de coorte baseado em prontuários eletrônicos de saúde, limitações à parte, a AOS pareceu ser um fator de risco independente para o desenvolvimento posterior da doença de Parkinson, a qual pôde ser modificada por tratamento precoce com CPAP. Estima-se que a AOS afete 1 bilhão de adultos no mundo todo, com 425 milhões apresentando apneia do sono moderada ou severa, conforme definido por um índice apneia-hipopneia (de 15 a 29, ou 30 ou mais eventos por hora, respectivamente). Os clínicos da atenção primária desempenham um papel crucial na triagem, no diagnóstico e no tratamento.

Porém, é muito subdiagnosticada 

Portanto, merecem atenção manifestações clínicas como: ronco intenso e frequente, paradas respiratórias observadas por terceiros, despertares súbitos com sensação de sufocação ou engasgo, sono agitado e fragmentado, sudorese noturna, palpitações, nictúria, sonolência excessiva durante o dia, cansaço persistente, cefaleia matinal, secura na boca ao acordar, alterações cognitivas, tendência à depressão. Além disso, associa-se ao aumento de risco dehipertensão arterial, arritmias, insuficiência cardíaca, acidentes de trânsito ou no trabalho. 

O padrão ouro do diagnóstico é a polissonografia, muitas vezes rejeitada pelos pacientes. Uma alternativa sobretudo em cenários de triagem e acompanhamento domiciliar é o sistema BIOLOGIX. Ele utiliza um oxímetro de dedo de alta resolução conectado a telefone celular e acoplado a um acelerômetro, com análise automatizada em nuvem (por meio de aplicativo), permitindo a obtenção do índice de dessaturação de oxigênio e outros parâmetros relevantes.

Estudos de validação mostram alta sensibilidade (94-96%) e especificidade (93-94%) para detecção de AOS leve, moderada e grave, com excelente concordância em relação ao índice de apneia-hipopneia obtido por polissonografia domiciliar. [2,3] 

O estudo enfatiza o provável benefício do tratamento da AOS com emprego do CPAP, que, infelizmente, não é bem tolerado por grande parcela dos pacientes. Medidas eficazes de triagem e protocolos para a adesão consistente ao CPAP podem ter grandes impactos na saúde cerebral.

Vale ressaltar que recentemente a Food and Drug Administration (FDA) dos Estados Unidos aprovou o uso da tirzepatida para adultos obesos com AOS de moderada a severa.

Embora a AOS possa afetar qualquer pessoa, ela é mais comum em quem tem sobrepeso. A FDA recomendou que a tirzepatida deve ser combinado com uma dieta de baixo teor calórico e exercícios. [4] 


Temos que dar atenção ao diagnóstico e ao tratamento de pacientes com AOS. 

Referências Créditos Imagem principal: F01photo | Dreamstime.com 

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Citar este artigo: Apneia obstrutiva do sono pode aumentar o risco de doença de Parkinson, sugere estudo - Medscape - 12 de dezembro de 2025

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