terça-feira, 9 de setembro de 2025

Revendo os Dados: Como o chocolate afeta a saúde


 

 Dra. Minh Nguyen

O cacau, principal ingrediente do chocolate, vem ganhando destaque não somente pelo seu sabor, mas também por seus benefícios para a saúde. Como rica fonte de polifenóis, o cacau vem sendo estudado por seu papel no fortalecimento da saúde cardiovascular por meio de efeitos antioxidantes, anti-inflamatórios e vasculares.

Pesquisas em andamento têm explorado sua influência nos marcadores de risco cardiometabólico, na função endotelial e em diversos desfechos cardiovasculares. Produtos contendo cacau também fornecem nutrientes essenciais e compostos bioativos que podem influenciar a saúde metabólica e vascular de modo complexo.

Com grandes ensaios clínicos randomizados e estudos mecanísticos continuando a explorar essas associações, os profissionais de saúde estão cada vez mais interessados nas implicações para orientação alimentar e estratégias de prevenção.

Você está a par das pesquisas mais recentes sobre o cacau e seus benefícios para a saúde? Verifique seus conhecimentos com este Revendo os Dados!

Segundo um grande ensaio clínico randomizado, qual das afirmações abaixo é mais precisa em relação ao efeito da suplementação de extrato de cacau nos episódios e desfechos cardiovasculares?

Seus pares escolheram:

Resultados do amplo estudo clínico randomizado COcoa Supplement and Multivitamin Outcomes Study mostraram que, após 3,6 anos de acompanhamento, a ingestão de extrato de cacau (500 mg de flavonóis/dia, inclusive 80 mg de [-]-epicatequina) foi associada a 10% menos eventos cardiovasculares no total entre idosos, como infarto agudo do miocárdio, acidente vascular cerebral, revascularização e angina instável, embora essa redução não tenha sido estatisticamente significativa.

No entanto, a suplementação de cacau levou a uma redução estatisticamente significativa de 27% do número de mortes por doença cardiovascular. Entre os participantes que tiveram boa adesão ao suplemento, houve uma redução significativa de 16% dos principais eventos cardiovasculares em comparação ao grupo do placebo.

Saiba mais sobre as doenças cardiovasculares.

Em termos de função endotelial, como o consumo de chocolate amargo pode ser benéfico?

Seus pares escolheram:

O consumo de chocolate amargo, quando combinado com a atividade física, pode beneficiar a função endotelial principalmente por melhorar a produção de óxido nítrico. Esse efeito se deve em grande parte aos flavonóis, substâncias presentes no chocolate amargo que ajudam a relaxar os vasos sanguíneos e a aumentar a responsividade vascular. Isso promove melhora do suprimento de oxigênio e redução do estresse oxidativo, ambos essenciais para a manutenção de uma função endotelial saudável.

Embora os efeitos antioxidantes dos polifenóis possam reduzir o estresse oxidativo, não existem evidências diretas de que o chocolate amargo reduza a formação de placas intravasculares. Embora o chocolate amargo possa influenciar a variação da frequência cardíaca, isso reflete o equilíbrio autonômico e não a estabilização direta da frequência cardíaca. Mesmo existindo alguns benefícios metabólicos, o benefício vascular mais imediato e bem fundamentado do chocolate amargo é o aumento da produção de óxido nítrico, e não a regulação da insulina.

Saiba mais sobre formação de placas e/ou aterosclerose.

Qual desses minerais é encontrado em abundância no chocolate e está associado à regulação da pressão arterial e da glicemia?

Seus pares escolheram:

O cacau, principal ingrediente do chocolate, é especialmente rico em magnésio, o que faz desse produto uma rica fonte alimentar. O magnésio se destaca por seu papel fundamental na regulação da glicemia e da pressão arterial, por isso auxilia a função muscular e neural normal e ajuda a estabilizar os batimentos cardíacos, atuando no metabolismo da glicose.

O sódio não é abundante no chocolate e, quando consumido em excesso, é mais comumente associado ao aumento da pressão arterial, e não a sua regulação. O zinco está presente em pequenas quantidades e tem papel mais importante nas funções imunitárias e enzimáticas do que na regulação da glicose ou da pressão arterial. O ferro é encontrado em quantidades modestas no chocolate e participa principalmente do transporte de oxigênio, e não do controle metabólico ou cardiovascular.

Saiba mais sobre o magnésio.

O consumo regular de cacau está associado a qual destes efeitos nos lipídios?

Seus pares escolheram:

O consumo regular de cacau tem sido associado a discretas reduções do colesterol total, provavelmente pela ação dos flavonoides. Essas substâncias podem diminuir a absorção do colesterol e a produção da lipoproteína de baixa densidade do colesterol (LDL). O efeito parece mais acentuado nas pessoas com problemas de saúde, contribuindo para a saúde cardiovascular.

Não há evidências inequívocas de que o cacau diminua os triglicerídeos, provavelmente por não conter componentes como açúcar reduzido e álcool, que influenciam mais diretamente os níveis de triglicerídeos. Embora o cacau possa reduzir discretamente os níveis de LDL, não há relatos fidedignos de que aumenta a lipoproteína de alta densidade do colesterol (HDL), pois o cacau não contém as gorduras específicas que costumam aumentar os níveis de HDL.

Saiba mais sobre hipercolesterolemia poligênica.

Qual desses ácidos graxos encontrados no chocolate estão associados à prevenção e ao tratamento de doença cardiovascular?

Seus pares escolheram:

O ácido oleico, uma gordura monoinsaturada encontrada no chocolate, tem sido associado a benefícios para a saúde do coração. Ele pode ajudar a proteger os vasos sanguíneos e diminuir o risco cardiovascular, modulando os processos celulares nocivos e auxiliando a função plaquetária normal.

O ácido palmítico e o ácido esteárico (gorduras saturadas também presentes no cacau) não oferecem a mesma proteção. O ácido palmítico está associado a efeitos adversos nas membranas das células cardíacas, enquanto o ácido esteárico tem repercussão neutra nos níveis de colesterol e nenhum benefício cardiovascular claro. O ácido margárico, outra gordura saturada, é encontrado em quantidades muito menores no chocolate e não há evidências sólidas de que exerça algum papel cardioprotetor.

Saiba mais sobre os distúrbios plaquetários.

Este conteúdo foi traduzido do Medscape

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