![]() |
O caranguejo-uça (Ucides cordatus), bastante consumido no litoral cearense, foi classificado pelos pesquisadores como espécie "quase ameaçada" (Foto: Delson Gomes/divulgação) |
O Instituto de Ciências do Mar (Labomar) da Universidade Federal do Ceará (UFC) e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) realizaram, de 16 a 19 de setembro, oficina de avaliação para analisar, de forma conjunta, os riscos de extinção em 67 espécies de crustáceos marinhos existentes em território brasileiro. A ação aconteceu na sede do Labomar, em Fortaleza, e contou com a participação de 12 pesquisadores de diversos estados do país (CE, RN, AL, SE, BA, SP e SC).
Esta é a primeira vez que a avaliação de crustáceos marinhos ocorre no Ceará. A cada dez anos, em média, o ICMBio realiza oficinas de avaliação dos riscos de extinção em diversas espécies que compõem a fauna brasileira. Em geral, as oficinas acontecem no Centro Nacional de Pesquisa e Conservação da Biodiversidade Marinha do Sudeste e Sul (Cepsul/ICMBio), localizado em Itajaí (SC). O processo avaliativo conta com a participação de pesquisadores de instituições de todo o país.
O professor Luís Ernesto Bezerra, do Labomar, explica a iniciativa. “Eu já participava dessas oficinas de avaliação. Então, surgiu a ideia de fazer a oficina em Fortaleza, no Labomar. Nós nos reunimos, durante uma semana, para avaliar espécie por espécie a partir de critérios que a gente vai combinando para chegar numa categoria. Essa avaliação é crucial, pois as categorias de risco podem impactar diretamente as políticas públicas e a gestão da pesca”, afirma.
A metodologia de avaliação da oficina segue critérios internacionais, estabelecidos pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN). O objetivo é que esses resultados sirvam como primeiro passo para o estabelecimento de políticas públicas de conservação e planos de ação nacional, beneficiando não apenas as espécies ameaçadas, mas também os ecossistemas e as comunidades que dependem desses recursos, como o caranguejo-uçá (Ucides cordatus) e o guaiamum (Cardisoma guanhumi).
Com base numa “lista vermelha” gerenciada pela IUCN, as espécies são classificadas de acordo com o grau de risco de extinção: extinta; extinta na natureza; regionalmente extinta; criticamente em perigo; em perigo; vulnerável; quase ameaçada e menos preocupante, entre outras categorias. O caranguejo-uça, por exemplo, é um crustáceo marinho bastante consumido no litoral cearense. Ele foi considerado uma espécie quase ameaçada, o que requer uma maior atenção para garantir a preservação na natureza.

O analista ambiental Harry Boos Jr, do ICMBio, ressaltou a importância dos resultados das oficinas de avaliação para proteger as espécies, beneficiar as comunidades e impulsionar as pesquisas científicas. “A ideia é que a avaliação seja o primeiro passo para estabelecer políticas públicas de conservação dessas espécies, aquelas que são indicadas em risco e também aquelas que, embora não indicadas em risco de extinção, necessitam de uma atenção especial, não só dos governos federal e estadual, mas também do ponto de vista de novas pesquisas”, destaca o representante do ICMBio.
SAIBA MAIS - Iniciadas em 2010, as oficinas de avaliação já movimentaram a participação de 200 pesquisadores de todo o país. De 2016 a 2018, foi realizada a primeira avaliação dos crustáceos marinhos no Cepsul/ICMBio. Em 2024, 80 espécies de crustáceos marinhos passaram por nova avaliação de risco de extinção. Somando com as 67 espécies observadas em 2025, foram avaliadas 147 espécies de crustáceos marinhos.
O ICMBio criou, em 2016, o Sistema de Avaliação do Risco de Extinção da Biodiversidade (Salve), que tem o objetivo de facilitar a gestão do processo de avaliação do risco de extinção das espécies no Brasil. Por meio de uma plataforma de dados, são realizados o armazenamento e organização das informações pertinentes à avaliação das espécies e dos atores envolvidos no processo. O sistema do ICMBio funciona como instrumento de controle, monitoramento e execução das diversas etapas do processo, desde a compilação de dados até a análise do risco de extinção e subsequente divulgação dos resultados.
Fonte: Instituto de Ciências do Mar (Labomar) - fone: (85) 3366.7000; e-mail: labomar@ufc.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário