Especialista aponta que a falta de medicamentos no SUS e a demora da Anvisa na aprovação de novos remédios têm atrapalhado o tratamento dos pacientes
O mês de outubro marca a conscientização sobre a SUDEP (Morte Súbita Inesperada na Epilepsia), uma condição grave que afeta pacientes com epilepsia e pode ser fatal. A urgência de debater essa doença no Brasil se intensifica diante de um cenário alarmante: a falta de medicamentos essenciais e a burocracia do Sistema Único de Saúde (SUS).
Segundo dados da ABE (Associação Brasileira de Epilepsia), cerca de 1% da população brasileira é afetada pela epilepsia, uma condição neurológica crônica. Apesar de ser uma doença tratável, a falta de medicamentos essenciais e a demora na aprovação de novos tratamentos estão colocando em risco a vida de muitos pacientes.
A SUDEP pode ocorrer de forma repentina, mesmo em pessoas aparentemente saudáveis. Por isso, o controle das crises epilépticas, associado ao acompanhamento médico, é fundamental para que seja evitada.
Os dados divulgados pela ABE apontam que 60% dos pacientes gostariam que os médicos explicassem sobre SUDEP desde o início do diagnóstico, e quase 90% dos entrevistados afirmam que nunca ouviram falar sobre os perigos desta condição.
O que é a SUDEP?
A Morte Súbita Inesperada na Epilepsia é quando uma pessoa falece subitamente, sem uma causa evidente. Apesar de ser uma condição rara, a SUDEP está fortemente ligada à frequência de crises tônico-clônicas (convulsões), especialmente quando a pessoa não está em tratamento ou não toma as medicações adequadas. Pacientes com epilepsia refratária – aquelas com crises que não são controladas por tratamentos convencionais – estão em maior risco.
“Muitos medicamentos essenciais faltam constantemente nas prateleiras, interrompendo o tratamento e colocando em risco a vida dos pacientes. A ausência de estoque ocorre por conta de um sistema de compras ineficiente, onde os remédios são encomendados apenas quando o estoque já se esgota, descumprindo leis que garantem a continuidade do tratamento”, explica o Dr. Lécio Figueira, médico neurologista especialista em epilepsia e presidente da ABE.
O doutor ainda afirma que “além da falta de estoque no SUS, os pacientes enfrentam um processo burocrático demorado e desgastante todos os meses, isso para renovar os pedidos e cumprir exigências administrativas para continuar recebendo medicamentos, o que acaba atrasando o tratamento”. Esse atraso aumenta a ocorrência de crises epiléticas, elevando significativamente o risco de complicações graves da doença, incluindo casos de SUDEP.
Cenobamato: novo medicamento aguarda aprovação no Brasil
O Cenobamato desponta como uma nova esperança para o controle eficaz da epilepsia. Esse medicamento, já aprovado nos Estados Unidos, Japão e em países da Europa, tem mostrado resultados promissores no controle de crises refratárias, reduzindo significativamente a frequência de convulsões.
No entanto, no Brasil, o medicamento ainda aguarda aprovação da ANVISA e não foi colocado como prioridade pelas autoridades de saúde, mesmo com o potencial de reduzir drasticamente o risco de SUDEP.
“A aprovação do Cenobamato no Brasil poderia ser um grande avanço no controle da doença e na redução de mortes súbitas. O compromisso com a vida dessas pessoas deve ser prioridade, e cabe à sociedade, médicos e gestores de saúde se unirem em busca de soluções mais ágeis e eficazes”, finaliza o Dr. Lécio Figueira.
Para mais informações sobre epilepsia, conheça a ABE, acesse: https://epilepsiabrasil.org.
Informações de Giulia Marini
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