quinta-feira, 19 de dezembro de 2024

Agência UFC: Dois novos tratamentos da UFC para o câncer de próstata inovam ao utilizar nanotecnologia e são promessa de menos efeitos colaterais

Elas são partículas um milhão de vezes menores que um botão de camisa de um centímetro, mas se apresentam como promessa de um tratamento mais eficaz e com menos efeitos colaterais para uma das doenças que mais mata no Brasil e no mundo: o câncer de próstata. A utilização de nanopartículas para tratar esse tipo de tumor vem sendo investigada por diferentes pesquisadores da Universidade Federal do Ceará (UFC), e dois desses inovadores estudos acabaram de garantir as cartas-patentes e avançam em busca de uma futura aplicação em seres humanos.

Imagem: A imagem mostra um homem vestindo uma camiseta polo de cor vinho. Ele está segurando um laço azul entre os dedos, próximo à câmera. O rosto dele está parcialmente fora de foco, destacando o laço azul como o elemento principal da imagem. Esse laço é frequentemente associado à conscientização sobre o câncer de próstata ou à saúde masculina em geral, como na campanha Novembro Azul
Os pesquisadores investigam a utilização de nanopartículas para tratar o câncer de próstata (Foto: Viktor Braga/UFC Informa)

A primeira delas busca um tratamento mais seguro e eficaz para a doença em estágio mais avançado. Os pesquisadores desenvolveram lipossomas, que são pequenas bolsas de gordura biodegradáveis, invisíveis a olho nu, que podem encapsular substâncias, e são a classe de nanomedicamentos mais estudada e com resultados mais consistentes.

Na novidade trazida pelos cientistas, esses lipossomas encapsulam um fármaco anticâncer chamado de cabazitaxel. Além disso, na superfície desses lipossomas, está ligado um anticorpo chamado de cetuximabe, que faz o papel de “encaminhar” o fármaco para o local do tumor, onde este será liberado.

É como se o anticorpo fosse a chave, e a célula com câncer, a fechadura. Dessa forma, o anticorpo levaria o lipossoma que carrega o medicamento diretamente para células doentes. Lá, o lipossoma libera o fármaco de forma mais inteligente, fazendo com que tecidos sadios recebam menor quantidade desse químico. Segundo o professor do Departamento de Farmácia Josimar de Oliveira Eloy, um dos autores do invento, isso faz com que o tratamento resulte em menos efeitos colaterais aos pacientes.

Imagem: A imagem mostra três pessoas vestindo jalecos brancos em um ambiente que parece ser um laboratório científico. À esquerda, uma mulher de cabelos loiros longos sorri. No centro, uma mulher de óculos, cabelos presos e um sorriso discreto está entre os outros dois. À direita, um homem de barba e cabelo curto sorri para a câmera. No fundo, há equipamentos laboratoriais e bancadas, indicando que eles são pesquisadores ou profissionais da área de saúde ou ciência
Pesquisadores responsáveis pelos inventos (Foto: Viktor Braga/UFC Informa)

A segunda invenção utiliza duas substâncias de origem natural no combate ao câncer de próstata. A primeira substância é o ácido betulínico, originada do metabolismo de várias espécies vegetais, especialmente da bétula branca, árvore também chamada de vidoeiro-branco. Diversos estudos já identificaram que o ácido possui efeitos antitumorais significativos, mas a substância tem baixa solubilidade, o que restringe a sua aplicação e impede sua utilização como medicamento anticâncer.

Para solucionar essa questão, os pesquisadores decidiram encapsular o ácido betulínico em uma nanoemulsão que usa o óleo da Calotropis procera, planta utilizada na medicina tradicional de várias culturas e facilmente encontrada no semiárido nordestino, conhecida popularmente como “bombardeira”, “flor de seda”, “paina-branca”, “algodoeiro de seda” ou “bom-dia”.

“Considerando o potencial anticâncer e anti-inflamatório dessa planta, decidiu-se investigar a associação de seu óleo fixo com outras substâncias conhecidamente citotóxicas [isto é, que possuem a capacidade de destruir outras células ou tecidos], visando o desenvolvimento de alternativas terapêuticas mais seguras e eficazes para o combate do câncer”, explica Nágila Ricardo, professora do Departamento de Química Orgânica e Inorgânica e uma das autoras do invento. Assim como a primeira patente, esta também promete uma ação mais direcionada a células doentes, protegendo as saudáveis.

A aplicação da nanotecnologia no desenvolvimento de novos tratamentos contra o câncer vem sendo estudada por pesquisadores da UFC pela capacidade única que a ferramenta tem de manipular materiais em uma escala microscópica, permitindo a criação de terapias mais precisas, eficazes e personalizadas.

“O uso de nanopartículas oferece diversas vantagens no tratamento oncológico, como uma entrega mais eficiente de fármacos, a redução dos efeitos colaterais e a melhora da resposta ao tratamento”, aponta a professora Cláudia do Ó Pessoa, que coordena o Laboratório de Oncologia Experimental, do Núcleo de Pesquisas e Desenvolvimento de Medicamentos (NPDM/UFC), e é coautora dos dois referidos inventos.

Confira a reportagem completa no site da Agência UFC.

Fontes: Prof. Josimar de Oliveira Eloy, do Departamento de Farmácia – e-mail: josimar.eloy@gmail.com / Prof. Nágila Ricardo, do Departamento de Química Orgânica e Inorgânica – e-mail: naricard@ufc.br / Prof. Cláudia do Ó Pessoa, do Departamento de Fisiologia e Farmacologia – e-mail: cpessoa@ufc.br

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