sexta-feira, 22 de novembro de 2024

Em entrevista, secretário adjunto de Vigilância em Saúde cita expansão do método Wolbachia no Brasil

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Foto: divulgação/SVSA

Com a inauguração de novas biofábricas, Brasil planeja expansão da tecnologia para regiões com índices altos de incidência de dengue

Em entrevista à Bloomberg Brasil, o secretário adjunto de Vigilância em Saúde e Ambiente, Rivaldo Venâncio, destacou a expansão do uso da bactéria Wolbachia como parte das estratégias de enfrentamento ao Aedes aegypti no Brasil. A tecnologia, aplicada inicialmente em cidades como Niterói (RJ), Campo Grande (MS) e Petrolina (PE), demonstrou resultados promissores na redução de casos de dengue ao longo de 2024. A metodologia Wolbachia, desenvolvida pelo World Mosquito Program (WMP) em parceria com a Fiocruz, interfere na capacidade de transmissão do vírus pelo mosquito, tornando-o menos eficiente na disseminação da doença.

De acordo com o secretário, o programa deve ser ampliado a nível nacional com suporte de novas biofábricas, previstas para início de operações em 2025. Essas instalações, que serão as maiores do país, localizadas em Curitiba (PR), Ceará (CE) e Belo Horizonte (MG), aumentarão exponencialmente a produção de ovos de Aedes aegypti contendo Wolbachia.

Com a expansão, o Brasil espera cobrir um maior número de cidades e otimizar a distribuição desses ovos às regiões mais críticas. “A nossa meta é transformar essa tecnologia em política pública, deixando de ser um projeto de pesquisa e passando a integrar as estratégias permanentes de controle do Aedes aegypti em larga escala”, afirmou o Secretário.

As expectativas do Ministério da Saúde para 2025 incluem a distribuição massiva de ovos do mosquito em áreas identificadas como prioritárias. Cidades como Joinville (SC), Foz do Iguaçu (PR) e Londrina (PR) já recebem a metodologia e devem registrar impacto positivo no combate à dengue ainda no próximo verão.

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Foto: divulgação/Fiocruz

Ações de combate à dengue

A tecnologia Wolbachia integra um conjunto de medidas adotadas pelo governo para enfrentar o crescimento dos casos de dengue. Em 2024, o Brasil registrou mais de 6,6 milhões de casos prováveis de dengue, consolidando uma alta histórica. Além da introdução dos mosquitos com Wolbachia, o Ministério da Saúde está investindo na intensificação das atividades dos agentes de controle de endemias e na organização da rede assistencial com antecedência para reduzir a mortalidade causada pela dengue.

O Ministério da Saúde também adquiriu o estoque disponível do fabricante japonês da vacina contra dengue para 2025, com a expectativa de imunizar mais de quatro milhões de pessoas. Segundo o Secretário, essas medidas, aliadas à ampliação do programa Wolbachia, buscam evitar que o país enfrente uma nova crise de saúde pública no próximo ano.

A tecnologia Wolbachia, utilizada em diversos países, tem ganhado força no Brasil como alternativa promissora no combate ao Aedes aegypti. A biofábrica em Belo Horizonte, construída em acordo de reparação ambiental com a antiga Vale, e a unidade de Curitiba, que conta com a colaboração da Universidade Monash, na Austrália, e do Instituto de Biologia Molecular do Paraná, vinculado à Fiocruz, estão entre os principais pilares da infraestrutura que permitirá a ampliação do programa para outras regiões do país, marcando um avanço significativo na luta contra a dengue no Brasil. 

Marcella Mota
Ministério da Saúde

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