Fatores de risco dos tumores desse tipo, como cigarro e álcool, são evitáveis e, na maioria das vezes, exigem mudança dos hábitos de vida
A incidência do câncer de cabeça e pescoço vem acendendo um alerta importante sobre o estilo de vida moderno. Por abranger um grupo de cânceres que afetam regiões como a boca, faringe, laringe, glândulas salivares, tireoide, cavidade nasal e os seios paranasais, o tabagismo e o alcoolismo aparecem como principais fatores de risco evitáveis desses tumores, que tem sido diagnosticados de maneira expressiva no Brasil, mas ainda de forma tardia. Por esse motivo, o mês de julho recebe o laço verde e celebra no dia 27 o Dia Mundial de Conscientização do Câncer de Cabeça e Pescoço.
O câncer de cabeça e pescoço representa uma porcentagem significativa dos casos de câncer no Brasil. Dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA), apontam 15 mil novos casos por ano de câncer de boca e 7 mil de câncer de laringe. A mortalidade do câncer de cabeça e pescoço apresenta uma alta taxa, especialmente quando diagnosticado em estágios avançados. Segundo o INCA, a mortalidade desses cânceres é preocupante devido ao diagnóstico tardio e à falta de acesso a tratamentos adequados. David Pinheiro Cunha, oncologista clínico e sócio do Grupo SOnHe, explica que esse tipo de câncer é diagnosticado por meio de exame clínico, geralmente feito por dentistas ou médicos, seguido de biópsia para confirmação da suspeita e exames de imagem, para avaliação da extensão da doença. Segundo ele, o que dificulta o tratamento é a demora no diagnóstico. “Não é em todo lugar que as pessoas têm acesso regular aos médicos e dentistas. Em grande parte do Brasil, muitas delas só procuram os especialistas quando apresentam sintomas graves. Além disso, o serviço público é carente de profissionais capacitados para diagnosticar e tratar pacientes com câncer”, alerta o oncologista.
Se o diagnóstico é uma barreira, o tratamento desse tipo de câncer é ainda mais desafiador, uma vez que exige cirurgia e tratamento com radio e quimioterapia – e terapias que nem sempre estão disponíveis no SUS -, além de suporte ao paciente, com o acesso à fonoaudiologia, nutrição adequada e acompanhamento psicológico. “O paciente fica bastante abalado com o tratamento, porque são regiões que comprometem a fala, a alimentação e a socialização de maneira geral. É fundamental cuidar desse lado, para garantir a autoestima e a confiança do paciente”, explica o médico.
O câncer de cabeça e pescoço tem como principal fator de risco o tabagismo, seguido do consumo de álcool. Além desses fatores, a infecção pelo vírus HPV é bastante associada ao câncer de orofaringe e a má higiene oral pode contribuir o desenvolvimento de câncer nessas regiões. Sendo assim, é fundamental conscientizar a população para a mudança de hábitos. “A combinação de cigarro e álcool é bombástica para todo e qualquer organismo e é preciso investir muito na educação para que as pessoas compreendam o perigo desses maus hábitos”, alerta David Pinheiro Cunha.
A jornada da prevenção ao tratamento do câncer de cabeça e pescoço no Brasil envolve uma abordagem multifacetada, que inclui mudanças de comportamento, melhoria do acesso aos serviços de saúde e o desenvolvimento de estratégias de tratamento personalizadas. A conscientização e a educação contínuas são cruciais para reduzir a incidência e melhorar os resultados para os pacientes.
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