Por Karen Belém
A vitamina D pode ser uma poderosa aliada na luta contra o câncer! Um estudo pré-clínico feito em ratos mostrou que ela pode estimular o crescimento de uma bactéria ‘boa’ no intestino chamada Bacteroides fragilis, que melhora a resposta do sistema imunológico à doença.
A descoberta foi publicada na revista Science e surpreendeu os cientistas, que agora buscam entender melhor como a vitamina D influencia o microbioma intestinal e se o efeito é o mesmo em humanos.
“Isso poderá um dia ser importante para o tratamento do câncer em humanos, mas não sabemos como e por que a vitamina D tem esse efeito através do microbioma. É necessário mais trabalho antes de podermos dizer conclusivamente”, explicou o autor sênior do estudo, Caetano Reis e Sousa em comunicado.
Os testes em ratos
O estudo foi conduzido pela equipe do Instituto Francis Crick, do Instituto Nacional do Câncer, dos Institutos Nacionais de Saúde e da Universidade de Aalborg, na Dinamarca.
Para investigar se a bactéria isoladamente poderia fortalecer a imunidade contra o câncer, eles usaram ratos transplantados com células cancerígenas e separaram os animais em dois grupos.
Um recebeu uma dieta padrão, porém suplementada com Bacteroides fragilis, o que resultou em uma melhoria na resposta imunológica.
Já os ratos submetidos a uma dieta carente em vitamina D não conseguiram conter o crescimento do tumor.
Como a vitamina D poderia ajudar?
Para você entender melhor, o nosso sistema imunológico funciona como um exército que protege nosso corpo contra o câncer.
Às vezes, ele precisa de ajuda extra, e é aí que entram os inibidores do ponto de controle, um tipo de remédio.
Eles ajudam as células de defesa do nosso corpo, chamadas células T assassinas, a atacar as células cancerígenas.
Em 2018, estudos mostraram que o tipo de bactérias no intestino das pessoas pode afetar a eficácia desses remédios.
Agora, este novo estudo sugere que a vitamina D em nosso intestino pode influenciar quais bactérias estão lá e, por sua vez, ajudar as células T a combater o câncer.
Mais evidências
Outros estudos, sem resultados definitivos, examinaram dados de 1,5 milhões de pessoas na Dinamarca.
Eles encontraram uma conexão entre níveis baixos de vitamina D e um aumento no risco de câncer.
Uma análise separada de pessoas com câncer sugeriu que aqueles com níveis mais altos de vitamina D eram mais propensos a responder bem aos tratamentos que usam o sistema imunológico contra o câncer.
O desafio
Segundo Evangelos Giampazolias, outro autor do estudo, uma questão-chave que querem responder é como exatamente a vitamina D ajuda um microbioma ‘bom’.
“Se pudermos responder a isto, poderemos descobrir novas formas pelas quais o microbioma influencia o sistema imunitário, oferecendo potencialmente possibilidades excitantes na prevenção ou tratamento do cancro”, disse Evangelos.
Suplementação
A relação entre os níveis de vitamina D e o risco de câncer ainda não é conclusiva, mas todo mundo sabe que a falta dela pode levar a outros problemas de saúde.
A maioria das pessoas consegue produzir a quantidade suficiente de vitamina ao passar curtos períodos sob o sol ou com dieta.
No caso de suplementos, Caetano Reis e Sousa recomenda sempre consultar um médico, mesmo se souberem que têm deficiência.
Para acessar a publicação do estudo é só clicar aqui.
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