segunda-feira, 22 de abril de 2024

Reflexão da Semana - "O ESTETOSCÓPIO MORREU"(pelo médico Dr. Jagat Narula)

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 O texto para reflexão dessa semana foi retirado da página do Instagram do médico cardiologista, Dr. Vicente Monte Neto (@dr.vicenteneto), Professor do Curso de Medicina de Sobral da Universidade Federal do Ceará (UFC).  “O estetoscópio morreu.” A afirmação do cardiologista Jagat Narula, do Hospital Mount Sinai, gerou muita polêmica nos últimos dias.

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"O estetoscópio, instrumento que acaba de completar 200 anos, é talvez o elemento mais característico do médico, mais ainda que o jaleco branco. Sua presença no pescoço envia uma mensagem de confiabilidade, urgência e superioridade sobre o resto de nós, mortais. Acalma o paciente e, ao mesmo tempo, capacita o usuário. Basta ver uma pessoa entrar em um bar com um estetoscópio saindo descuidadamente do bolso para confirmar sua aura.

Além desse poder simbólico, o estetoscópio tem sido companheiro permanente dos médicos em consultórios, enfermarias e salas cirúrgicas devido à sua capacidade de transmitir sons do coração, pulmões, vasos sanguíneos e intestinos. Nas faculdades de medicina, era a ferramenta que os alunos precisavam aprender a dominar para se destacarem na arte da cura. No entanto, o desenvolvimento de tecnologias de imagem e, em particular, de pequenos ecocardiógrafos móveis e de aplicações para smartphones capazes de registar os ritmos cardíacos, colocaram o estetoscópio nas cordas.

Nos Estados Unidos, muitos cardiologistas não apenas substituíram o estetoscópio à beira do leito do paciente, mas também não sabem mais como usá-lo adequadamente. Precisamente no Monte Sinai, em Nova York, os jovens cardiologistas hoje usam pequenos ecocardiógrafos portáteis em vez de estetoscópios, permitindo-lhes ter no momento imagens digitalizadas que podem ser salvas em registros médicos eletrônicos. É claro que não há provas de que a mudança tecnológica tenha necessariamente melhorado a sua capacidade de diagnóstico.

“Definitivamente acho que o estetoscópio continua sendo útil”, enfatiza o cardiologista argentino Héctor Deschle, secretário adjunto do SAC. “Os jovens estão perdendo não só a capacidade de auscultar. Também vêm perdendo a sagacidade de questionar ou examinar adequadamente o paciente”. (Dr. Jagat Narula - Chefe de Ecocardiografia e Doppler da Maipú Diagnostics) 

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Considerações do Dr. Vicente Monte Neto

Dr. Vivente Monte Neto

"Com o estetoscópio, não só são detectados sopros, mas também o aparecimento de ruídos extras que indicam insuficiência cardíaca ou rigidez ventricular. Arritmias e, fora do coração, sopros produzidos por obstruções de carótidas ou outras artérias, e fístulas arteriovenosas também podem ser detectados, explica Deschle.

Além dos problemas de acessibilidade e custo dos aparelhos de imagem, “o exame ecocardiográfico exige um certo nível de treinamento mesmo com aparelhos de bolso e apenas um pequeno número de médicos tem condições de utilizá-los adequadamente”, alerta o ecocardiógrafo. no SAC.

“A riqueza do exame físico, especialmente a ausculta, é cada vez menos valorizada, principalmente nas unidades de cuidados intensivos. Como se o eco não estivesse errado... justamente o valor do estetoscópio muitas vezes é ajudar a retificar o diagnóstico errado”, afirma Marcelo Trivi, chefe de Cardiologia Clínica do ICBA.

Para Javier Guetta, chefe de Cardiologia do CEMIC, o estetoscópio é uma ferramenta útil para o ensino clínico e treinamento de residentes. “É verdade que a formação tem vindo a deteriorar-se nas novas gerações de médicos, mas isso não significa que tenha de ser eliminada, mas sim melhorada. O exame físico, questionando e examinando o paciente, é o que faz do médico um médico, é a verdadeira arte da medicina. A auscultação faz parte da nossa tarefa”, insiste Guetta.

Definitivamente nenhuma máquina é capaz de substituir os sentidos aguçados e preparados de um bom e sensível profissional Médico preocupado com o seu paciente." (Dr. Vicente Neto - CRM 9402)

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