Com a proximidade do outono e inverno, estações em que muitas regiões do Brasil são mais cinzentas e com poucos dias de sol e céu azul, observa-se entre algumas pessoas um fenômeno chamado “Depressão Sazonal”. O diagnóstico é relativamente comum entre maio e agosto e, ao contrário do que muitos imaginam, tem também relação com a produção hormonal.
Dra Marcela Rassi, médica endocrinologista e certificada internacionalmente em Medicina do Estilo de Vida, explica essa relação: “A depressão sazonal é um diagnóstico marcado por quadros de irritabilidade, desânimo e sensação de ‘vazio’. Entre os sintomas estão mudanças na higiene do sono, indisposição para começar o dia, descontrole na alimentação - o que pode acarretar em ganho de peso e até mesmo redução na libido. As causas são diversas e entre elas está o fator hormonal”, comenta a médica.
Nossa saúde mental é, também, controlada por nossos hormônios e nas estações mais frias do ano, há uma queda na produção de dois hormônios importantes relacionados ao bem-estar mental: a serotonina e a melatonina. Uma das explicações para a queda da produção de serotonina está na baixa de Vitamina D, cuja fonte direta é a exposição solar. Dias cinzas deixam desfavoráveis a produção dessa vitamina que, por sua vez, reflete na diminuição da serotonina, contribuindo para a sensação de “tristeza”. “A vitamina D durante o outono e o inverno pede atenção especial. É interessante que o paciente, a partir da metade do outono faça um controle da vitamina D e, somente caso o médico avalie necessário, suplemente esse nutriente para que o paciente não sinta mudanças de humor ou comportamentais”, explica Dra Marcela.
Outro hormônio importante é a melatonina, que está diretamente relacionada ao nosso ciclo circadiano, ou seja, o comportamento de nosso organismo ao longo de 24 horas. É a melatonina que ajuda o corpo a “desligar” ao final de um dia - quando sua produção aumenta - e o que nos ajuda a acordar, com a diminuição de sua produção pelo organismo. Dias com menos exposição à luz solar podem “bagunçar” o nosso ciclo circadiano, impactando na produção da melatonina. “A produção desregrada da melatonina faz com que a pessoa se sinta mais cansada e indisposta, o que contribui também para o desenvolvimento e o agravamento da depressão sazonal”, diz Dra Marcela.
A médica faz dois alertas importantes: “Nem toda pessoa passará pelo quadro da depressão sazonal, já que existem fatores de risco - predisposição genética e diagnósticos psiquiátricos anteriores são dois bem importantes. Isso significa que muitas vezes a pessoa deve buscar a ajuda de um médico psiquiatra, que avaliará o caso e indicará o melhor tratamento. O segundo alerta é sobre a suplementação: existem alguns casos em que apenas a melhora na alimentação já ajuda o paciente a elevar a produção e consumo nutricional, sem a necessidade de suplementações. Para isso, buscar um endocrinologista é fundamental. Apenas o endócrino poderá avaliar os níveis dos hormônios que atuam na saúde mental do paciente e, com base nos resultados, indicar o tratamento adequado. Jamais faça uso de suplementos vitamínicos sem indicação médica porque, acredite, excesso de vitamina também pode levar a pessoa ao desenvolvimento de doenças”, finaliza Marcela.
Sobre a Dra Marcela Rassi:
Dra Marcela Rassi é formada em Medicina pela Universidade Federal de Goiás. Especialista em Endocrinologia e Metabologia pela Universidade de São Paulo (USP) Doutora em Endocrinologia pela mesma universidade - e com passagem pelo National Institute of Health (Estados Unidos), Dra Marcela certificou-se internacionalmente em Medicina do Estilo de Vida pelo International Board of Lifestyle Medicine, a instituição mais renomada mundialmente neste tema. Membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, do American College of Lifestyle Medicine e do Colégio Brasileiro de Medicina do Estilo de Vida, Dra Marcela é também professora da Pós Graduação em Endocrinologia da Sanar e Afya-IPEMED. Além disso, é presença constante em eventos de sua área, tanto como palestrante como participante, mantendo-se sempre atualizada no que há de mais moderno na Medicina do Emagrecimento, do Estilo de Vida e do estudo hormonal.
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Tatiana Fanti - tatiana@primadonna.etc.br
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