terça-feira, 6 de fevereiro de 2024


HGWA retoma projeto de visita estendida na Unidade de Terapia Intensiva (UTI); HRN tem experiência positiva com a iniciativa

O ambiente de uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) é reservado para pacientes que necessitam de cuidados intensivos por uma equipe especializada. Nesse momento, alguns acompanhantes sentem a necessidade de estarem mais perto dos seus familiares. Pensando nessas situações, dentro da proposta de humanização, o Hospital Geral Dr. Waldemar Alcântara (HGWA), unidade da rede da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), administrada pelo Instituto de Saúde e Gestão Hospitalar (ISGH) implantou o projeto de visita estendida na UTI adulto.

O Hospital Regional Norte (HRN), em Sobral, instituiu o projeto de visita estendida na UTI em 2019, dentro da iniciativa “Saúde em nossas mãos”, desenvolvida de forma colaborativa pelos hospitais do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (PROADI-SUS), uma aliança entre seis hospitais de referência no Brasil e o Ministério da Saúde. O principal objetivo é ampliar a participação de familiares na recuperação do paciente em UTI adulto.

A agricultora Maria do Livramento da Silva, 57, mora em Uruoca, a 50km de Sobral. Ela deu entrada na emergência do HRN em virtude de complicações de uma úlcera gástrica e precisou de tratamento na UTI. Sem direito a acompanhante, mas consciente, ela foi beneficiada com a visita estendida. Os irmãos se revezam para estarem sempre com Livramento. “Acho muito bom ter uma pessoa comigo, melhora meu psicológico. Se eu ficar sozinha, eu fico muito triste”, diz. O irmão dela, o também agricultor Raimundo Nonato da Silva, 61, aprovou a possibilidade de passar mais tempo com a familiar. “Para mim, ficar com ela é uma coisa muito boa”, diz.

Durante a visita estendida, os familiares estão presentes na UTI por tempo maior que o determinado para a visita de rotina, podendo ficar ao lado do paciente nos horários de 8h às 12h e de 14h às 18h. A avaliação da necessidade da ampliação da participação familiar é feita no round diário e, após haver a indicação, os acompanhantes são informados e convidados a permanecerem. Eles são estimulados a participarem na prevenção de Infecção Relacionada à Assistência à Saúde (IRAS) e nas visitas multiprofissionais. Atualmente, 30% dos pacientes do setor são beneficiados com a visita estendida.

Segundo o coordenador de Enfermagem da UTI Adulto 1 e 2 do HRN, Diego Pinheiro, os familiares passam a participar do processo de recuperação do paciente, com redução dos sintomas ansiosos, depressivos e de “delirium”, além do conforto espiritual, melhora do quadro clínico e redução da resistência dos pacientes às terapêuticas. “Observamos uma melhora no quadro geral dos pacientes, em especial nos fatores psicológicos, com redução de agitação psicomotora, além de redução de eventos adversos, como saída inadvertida de sonda, extubação acidental”, explica. Os pacientes elegíveis ao projeto são os que estão saindo da sedação ou que tenham indicação de acompanhamento por questões psicológicas.

HGWA aposta na visita estendida

No HGWA, a iniciativa envolve a equipe médica, a de Enfermagem, a de Psicologia, a do Serviço Social e a do Núcleo de Atendimento ao Cliente (NAC). De início, existe uma definição sobre quais pacientes são elegíveis para receber a visita estendida. Um dos critérios é que o paciente esteja consciente e orientado. A triagem passa pela avaliação da Psicologia e segue com as orientações do Serviço Social. As visitas ocorrem das 11h às 17h30. O novo serviço não anula a visita diária usual dos demais visitantes no período de uma hora, que ocorre das 16h30 às 17h30, no hospital.

O coordenador médico da UTI adulto do hospital, Denison Couto, explica que, em parceria com o setor da Psicologia, foi criado um protocolo para acompanhar as necessidades. Para ele, a visita é de extrema importância para o contato do paciente com o familiar. Ele diz que o tempo de internação na unidade chega a diminuir, em alguns casos.

“Alguns pacientes podem desenvolver uma condição que a gente chama de ‘delirium’, que pode se apresentar como uma agitação. E o parente ajuda bastante para um ambiente de humanização, no qual o paciente pode se sentir mais familiarizado e confortável. Muitas vezes, eles têm um ambiente em que não conhecem ninguém. Com uma pessoa conhecida ao lado, eles podem se beneficiar de forma substancial. Outro benefício é para a família, que, por ser um ambiente fechado, tem essa separação e além do horário de visita, eles podem contar com esse momento”, explica. A estratégia começou a ser aplicada em 2018 no HGWA, teve que ser descontinuada durante a pandemia e retornou este ano.

A coordenadora da Psicologia do HGWA, Jamile Vasconcelos, destaca que o trabalho do setor é focado na avaliação do estado emocional do paciente e do familiar. “Nosso papel ocorre no intuito de assegurar que a presença da família na unidade realmente seja um fator de minimização do estresse, da ansiedade e dos medos que podem surgir durante uma internação em UTI. Temos observado muitos benefícios no dia a dia da unidade, principalmente em relação à satisfação do usuário no processo de cuidado”, avalia.

Informações à Imprensa: Terezinha Fernandes de Oliveira <terezinha.tfo@isgh.org.br>

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