Apaixonada
por flores e por jardinagem, a aposentada Maria Edite de Vasconcelos, 80,
também é católica e coleciona santinhos. As informações constam em um documento
diferente, o “prontuário afetivo” da paciente internada na Unidade de Cuidados
Especiais (UCE) do Hospital Regional Norte (HRN), unidade da Secretaria da
Saúde (Sesa) em Sobral, administrada pelo Instituto de Saúde e Gestão
Hospitalar (ISGH). A ideia é mostrar que as pessoas internadas são únicas. Por
isso, além do prontuário de identificação segura, todos os pacientes da UCE
apresentam também informações como o nome que eles gostam de ser chamados e
gostos pessoais, como músicas e hobbies preferidos.
O
prontuário afetivo surgiu a partir de uma gincana que ressaltava os valores da
instituição como a solidariedade. A equipe de saúde, então, pensou em uma
estratégia para ampliar a humanização e fortalecer os vínculos entre os
profissionais, os pacientes e as famílias.
A filha de
dona Edite, a professora Alderina Maria Vasconcelos, 49, lembra que a mãe é
apaixonada por plantas. Foi assim que surgiu a ideia da equipe da UCE de levar
pequenos cactos para colocar ao lado do leito da paciente. “Estou gostando do
atendimento dado à minha mãe pela maioria dos profissionais. Acho importante as
reuniões familiares quando os profissionais nos chamam para falar sobre nossos
familiares”, conta.
Construção de vínculos
“O
prontuário afetivo fortalece a construção dos vínculos e atua na subjetividade
do paciente, resgatando a sua história para que ele seja percebido como um
sujeito”, ressalta a coordenadora da psicologia do HRN, Thallynne Rosendo. Ela
explica que, já na admissão dos pacientes, é realizado um acompanhamento
psicológico com a presença de algum familiar e é preenchido o documento com as
informações pessoais.
Rosendo
completa que, com o instrumento, outros profissionais podem perceber como
aprimorar os vínculos com os pacientes. Além disso, a iniciativa propicia ou
pode auxiliar na estimulação cognitiva e na orientação autopsíquica dos
pacientes. “Aproxima das realidades que o paciente vivia antes da internação”,
completa a psicóloga.
A
coordenadora de enfermagem da UCE, Thalianne Veras Brito, reforça que a
iniciativa fortalece os vínculos dos outros profissionais com o paciente. “Pelo
próprio perfil do serviço, o tempo de internação acaba sendo mais prolongado.
Com as estratégias de humanização, os pacientes e suas famílias acabam se
sentindo mais seguros”, avalia. Ela lembra que outra estratégia no serviço é a
comemoração dos aniversários dos pacientes com bolos cenográficos e, caso o
paciente possa ter alimentação oral, com alimentos que sejam compatíveis com a
condição clínica dele.
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