terça-feira, 21 de março de 2023

Cannabis medicinal: aliada no tratamento de doenças cardiovasculares

 

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Os benefícios fisiológicos estão em vários níveis de regulação do sistema cardiovascular, passando pelo sistema nervoso central e sistema nervoso autônomo

A cannabis medicinal pode ser uma aliada no tratamento de doenças cardiovasculares, que representam as principais causas de morte no mundo. Segundo dados da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), cerca de 80 mil pessoas morreram por ano em decorrência dessas patologias no Brasil.

Os medicamentos à base dos ativos da planta são uma ferramenta para auxiliar pacientes com essas patologias. Afinal, o tratamento com os fitocanabinoides tende a contribuir para a regulação do sistema endocanabinoide, um sistema metabólico que favorece a homeostase (equilíbrio) e atua como interface entre outros sistemas do corpo como sistema nervoso, renal, hormonal e vascular.

Além disso, é possível obter benefícios fisiológicos em vários níveis de regulação do sistema cardiovascular, passando pelo sistema nervoso central e sistema nervoso autônomo, influenciando na frequência cardíaca, pressão arterial, na vasculatura e no músculo cardíaco. Esses efeitos podem ser paradoxais a depender do fitocanabinoide, da dose prescrita e do metabolismo individual, devendo ter certos cuidados na prescrição para pacientes cardiopatas. Em contrapartida, observa-se com frequência efeitos sinérgicos para o controle da pressão arterial, diminuição do estresse e ansiedade, melhora da qualidade do sono, favorece o metabolismo lipídico, entre outros efeitos diretos e indiretos.

De acordo com o cardiologista João Gabriel Pacca, a cannabis pode contribuir com o bem-estar geral do paciente, assim como ter efeitos sinérgicos, diretos e indiretos no controle da pressão arterial. “É importante tratar o paciente como um todo, que vai além de tratar o coração. Afinal, existem influências importantes de outros diagnósticos no quadro cardiovascular, sendo frequente a prescrição de antidepressivos, indutores do sono e calmantes”, enfatiza.

O médico explica ainda que o tratamento pode ser indicado quando o profissional julgar que os efeitos da cannabis podem contribuir para o caso do paciente, sempre de maneira individualizada e quando não houver contraindicações para a prescrição. Pontua, ainda, a importância da propagação de conhecimento científico acerca da planta.

“A cannabis não tem superioridade em relação aos tratamentos de primeira linha para as doenças cardiovasculares em geral, mas podem auxiliar em determinados casos. É possível beneficiar pacientes com síndrome metabólica, labilidade pressórica causada por dor crônica ou aguda, insônia, pacientes com demência por doença microvascular, depressivos, ansiosos e estressados crônicos”, diz.

Por fim, o profissional aponta que ainda podem existir algumas dificuldades em aderir ao tratamento com cannabis no país. “Acredito que o custo do tratamento ainda dificulta o acesso de parte da população brasileira, além do preconceito em torno da cannabis. Por isso, entendo como fundamental o suporte da política brasileira, responsável pela implementação de leis que favoreçam esses pacientes e educação sobre o tema”, conclui. 

Recentemente, o governador Tarcísio de Freitas sancionou a lei que prevê a distribuição de produtos à base de canabidiol (CBD), substância derivada da Cannabis, no Sistema Único de Saúde (SUS) em São Paulo. Até então, o SUS só arcava com os custos do tratamento se o paciente ganhasse esse direito na Justiça, assim acontece nos demais estados. 

De acordo com Fabrízio Postiglione, CEO da Remederi, farmacêutica brasileira com acesso a produtos, serviços e educação sobre a cannabis medicinal, a decisão traz mais conforto e segurança para os médicos prescritores de cannabis, além de incentivar empresas do setor e pesquisas acadêmicas, aumentando as oportunidades de desenvolvimento de medicamentos que proporcionem qualidade de vida.

“A cannabis pode ser uma aliada não só para doenças cardiovasculares, mas para diversas outras. A informação de qualidade e incentivo aos processos científicos para o estudo da planta são fundamentais para fortalecer esse mercado no Brasil, pois o segmento tem muito a oferecer aos milhares de pacientes que podem ser beneficiados com as variadas propriedades da planta”, diz.

Informações à Imprensa: Beatriz Ornelas (beatriz.ornelas@sevenpr.com.br)

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