UFC terá programa que permite a estudantes de Medicina começar doutorado ainda na graduação

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Uma importante iniciativa de estímulo à formação de pesquisadores na área de saúde foi aprovada, nessa quinta-feira (10), pelo Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (CEPE) da Universidade Federal do Ceará. O colegiado aprovou, por unanimidade, a criação do Programa de Formação de Médicos Pesquisadores (MD-PhD), que permitirá a alunos de alto desempenho do Curso de Medicina interromper temporariamente a graduação para se dedicarem a atividades na pós-graduação. A resolução que implementa o Programa foi assinada pelo reitor da UFC, Prof. Cândido Albuquerque. Com isso, a Instituição se junta ao rol de universidades estrangeiras e brasileiras, como as federais do Rio de Janeiro (UFRJ), do Rio Grande do Sul (UFRGS) e Fluminense (UFF), e a Estadual de Campinas (UNICAMP), que já possuem iniciativas semelhantes.

De acordo com o diretor da Faculdade de Medicina da UFC, Prof. João Macêdo Filho, o Programa MD-PhD é uma inovação que surge para atrair estudantes de Medicina de alto desempenho para a carreira acadêmica, suprindo a crescente redução de profissionais médicos atuantes no campo da pesquisa, especialmente em áreas básicas como fisiologia, farmacologia, patologia, imunologia, microbiologia, dentre outras.

Conforme ele explicou, é comum na Medicina que, após o internato – fase da graduação em que os alunos ingressam efetivamente na prática médica –, os estudantes acabem optando por cursar residências (tipo de especialização em que o graduado aprofunda conhecimentos em uma área da saúde) ou planejem ingressar diretamente no mercado de trabalho logo depois da graduação. Poucos, segundo Macêdo, encontram estímulo para voltar à academia e se dedicar à pesquisa.

“O mercado acaba sendo muito atraente. No internato, os estudantes já entram em contato com a prática médica e, se não tiverem na graduação estabelecido um vínculo mais forte com a pesquisa – o que pode se dar por meio de ingresso formal em um programa de pós-graduação –, eles se direcionam muito mais para a residência ou o emprego. Isso gera uma lacuna de pesquisadores médicos, particularmente nas áreas básicas”, afirmou o diretor da FAMED.

Ele destacou, ainda, o fato de ser “extremamente longo” o percurso habitual dos egressos de Medicina até o doutorado. “Entre a graduação, residência, mestrado e doutorado, muitas vezes atinge-se 15 anos ou mais. Esse programa, então, abrevia esse tempo”, afirmou o Prof. João Macêdo.

COMO VAI FUNCIONAR

O Programa MD-PhD não é um programa de formação em larga escala, mas voltado para estudantes de alto desempenho que atendam a critérios específicos ligados à carreira científica. De acordo com o Prof. João Macêdo, a expectativa é de que o primeiro edital seja lançado em 2023.

Poderão se candidatar ao MD-PhD estudantes de Medicina que estejam matriculados a partir do 8º semestre (quarto ano de curso), que tenham realizado estágio de Iniciação Científica durante dois anos ou mais em laboratório da FAMED e que tenham publicado pelo menos um artigo em um periódico internacional Qualis A1 ou A2.

Uma vez selecionados, os estudantes poderão interromper temporariamente a graduação, por até 36 meses, para ingressar no doutorado em um dos programas de pós-graduação de excelência da FAMED-UFC. Durante esse tempo, deverá cursar as disciplinas da pós-graduação e encaminhar sua pesquisa, retornando após os 36 meses para a graduação para finalizar os créditos necessários à colação de grau.

Terminada a graduação, ele retorna ao doutorado para defender sua tese, habilitando-se para novas atividades científicas e até mesmo de docência.

Segundo o Prof. João Macêdo, com a aprovação do CEPE, a FAMED passa agora a preparar os detalhes do edital e articular a oferta de bolsas para os selecionados. Para ele, trata-se de um importante marco para a pesquisa em saúde no Ceará.

Fonte: https://ootimista.com.br/