Responsáveis por 1,3 milhão de mortes por ano no mundo, segundo estimativa da Organização Mundial da Saúde (OMS), as hepatites virais são inflamações que aos poucos matam as células do fígado e as transformam em cicatrizes que enrijecem o tecido, chamadas de fibrose. Sem apresentar sintomas, a evolução é, na maioria dos casos, silenciosa. Por isso, muitas vezes é descoberta quando está em estágio avançado, já com o comprometimento da função do fígado, cirrose ou mesmo o câncer. No ano passado, de acordo com o Ministério da Saúde, foram notificados 37.773 casos da doença no Brasil.
Por tudo isso, a campanha Julho Amarelo foi instituída no País pela Lei nº 13.802/2019 e tem por finalidade reforçar as ações de vigilância, prevenção e controle das hepatites virais. O hepatologista Rafael Ximenes (CRM-GO 18300), que atende no centro clínico do Órion Complex, em Goiânia, reforça que é difícil descobrir a doença cedo. “A maioria das pessoas não sabe que está contaminada, pois não apresenta sintomas ou eles são tardios, então nem imaginam que podem estar correndo risco”, ressalta ele.
O especialista afirma que quando as pessoas forem consultar o médico devem pedir o exame para a doença. “A melhor maneira de ter um diagnóstico precoce é o paciente pedir para qualquer profissional com o qual se consultar para incluir o exame de sorologia de hepatite aos demais pedidos”, explica Rafael, detalhando que os sintomas das hepatites virais são febre, enjoo, dor nas juntas, desconforto no lado direito da barriga e, em alguns casos, olhos amarelados.
Hepatites virais
As hepatites virais se dividem em cinco: tipo A, B, C, D e E. A hepatite A é alimentar, e ocorre geralmente por falta de higienização de alimentos e condições sanitárias precárias. As hepatites B e C podem ser transmitidas sexualmente e pelo contato com sangue contaminado, o que pode ocorrer durante procedimentos estéticos ou de saúde sem os devidos cuidados, que utilizem seringas ou objetos cortantes-perfurantes, e o compartilhamento de objetos como alicates de unha e agulhas. A hepatite D ocorre apenas em pacientes infectados pela B e a do tipo E é transmitida por via digestiva (transmissão fecal-oral).
No Brasil, as hepatites virais mais comuns são causadas pelos vírus A, B e C. Existem ainda, com menor frequência, o vírus da hepatite D (mais comum na região Norte) e o vírus da hepatite E, que é menos frequente no país. O hepatologista Rafael Ximenes ressalta os grupos com maiores riscos para as formas mais comuns da doença, a B e C. “Pessoas que receberam doação de sangue antes de 1993, pois até então o sangue doado não era testado para hepatite. E ainda quem faz hemodiálise, transplantados, pessoas com doenças sexualmente transmissíveis ou mais de um parceiro, usuários de drogas injetáveis, quem faz tatuagem ou coloca piercing em locais não vistoriados e profissionais de saúde que tiveram acidente com material perfurocortantes”.
O hepatologista Rafael Ximenese salienta que tanto a hepatite B quanto a C causam cirrose |
Rafael reforça que a melhor prevenção para a hepatite B é a vacina, que é oferecida em três doses pelo Sistema Único de Saúde (SUS), pode ser tomada desde o nascimento e não precisa de reforço com o passar dos anos. O tratamento também é disponibilizado na rede pública. “Para a hepatite C o tratamento é feito com comprimidos de oito a 24 semanas, com chance de cura acima de 90%, mas dependendo do grau da lesão no fígado (em especial cirrose) ela pode não reverter mesmo com a eliminação do vírus. Já para o tipo B, a medicação é de uso contínuo, para controlar o vírus, pois se parar ele pode voltar”, afirma.
O hepatologista salienta que ambas as formas de hepatite possuem perfis diferentes, mas podem ter consequências em comum. “Tanto a hepatite B, quanto a C causam cirrose. Poucas pessoas sabem, mas a cirrose é causada mais frequentemente por hepatites virais do que por bebidas alcoólicas. Além disso, as duas hepatites podem progredir para o câncer de fígado, por isso a importância de sempre solicitar o exame quando for a um médico”, reforça Rafael Ximenes.
fonte: COMUNICAÇÃO SEM FRONTEIRAS (Raquel Pinho e equipe)
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