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O que se viu depois, nas terras brasileiras, foi um organismo microscópico que mostrava o seu potencial destruidor do Oiapoque ao Chuí e era fatal em qualquer região, fosse ela de clima quente, frio ou temperado. Logo, o Brasil tornou-se refém do que era invisível aos olhos humanos, o vírus, e do que se via a olho nu, a ignorância. Esta, acentuada pela politização das correntes de direita, de esquerda, do centro, de qualquer lado aonde pudesse se levar vantagem.
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Qualquer vantagem, em qualquer condição, estabelecida pela insistente e ridícula Lei de Gerson (associada à disseminação da corrupção e ao desrespeito às regras de convívio para a obtenção de vantagens) arraigada na cultura brasileira. Assim, sob um cenário de uma doença contagiosa avassaladora, que trouxe consigo a escassez de insumos para o combate à pandemia, os corruptos encontraram facilidades para os desvios de recurso do Estado e muitos gestores desonestos assim o fizeram. Que a Justiça não seja branda com eles.
Por outro lado, as medidas para o combate à doença deveriam ser de responsabilidade dos gestores públicos federais, estaduais e municipais. Ela é clara na Constituição em seu Artigo 196 "A saúde é direito de todos e dever do Estado", mas esta é apenas uma retórica do direito, não aplicou-se em sua conformidade. E assim, à morte de cada pai, mãe, avô, avó, irmão, primo, tio e todo congênere de uma família, pela Covid-19, enterrava-se precocemente uma vida e nascia uma dor, um descontentamento, uma saudade.
Enquanto o vírus se precipitava furioso e letal, avançava também o desrespeito do Presidente e dos seus apoiadores às orientações de combate à doença. Tomados pela picardia, engendraram um plano maquiavélico de isenção às milhares de mortes diárias. Por meio de manobras rudes, culpabilizaram sempre os outros pelas perdas e não tomaram para si a responsabilidade de salvar vidas. Faltou ao governante geral a sensibilidade de unir o país sob um armistício político, todos juntos, engajados em uma única frente de batalha contra a Covid-19.
Ao invés disso, era pública a idiotização, o descaso e o escárnio do Presidente e dos seus aliados frente à doença, com a propagação de um discurso medíocre de negação a tudo que a Ciência propunha, desde o uso da máscara à vacinação. Obtuso, antipático e antipacífico, o Presidente ignorava o poder de contágio do vírus e promovia espetáculos grotescos de aglomeração, cercado por aqueles que o idolatram ou precisam garantir sua "boquinha" no Governo. Assim, uniam-se na perversidade e no deboche para desdenhar das centenas de milhares de vidas perdidas.
Hoje, 19 de junho de 2021, o Brasil ocupou o segundo lugar no número de mortos pela Covid-19 no mundo, com 500.868 vítimas, atrás apenas dos Estados Unidos com mais de 600 mil. Uma marca lamentável e vergonhosa para o país, atestando que "estamos à deriva", como bem frisou o ex-ministro da saúde Luiz Henrique Mandetta, em nota à marca de meio milhão de mortes no país pelo vírus.
Enfim, o Blog Encontro Com a Saúde presta a sua solidariedade e respeito à dor de toda família que perdeu um ente querido para a Covid-19 e que hoje chora uma ou mais ausências. É uma saudade que ultrapassa a casa dos 500 mil cidadãs e cidadãos brasileiros, contabilizando centenas de milhares de pobres, alguns milhares de ricos, anônimos e famosos. "A saudade aqui é dos amigos perdidos para a Covid-19: Ivan Lino e Evilson Nunes".
Texto: Vanderley Moreira (Jornalista editor do Blog Encontro Com a Saúde)
Texto realista, saudade autêntica!!
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