sábado, 19 de junho de 2021

Brasil ultrapassa a casa de 500 mil mortos pela Covid-19 na dor e na saudade

Foto: Google Imagens


Foi assim que ele se apresentou ao Brasil, sorrateiro, desacreditado pelo Presidente do país, escondidinho ali na mucosa da primeira vítima, no dia 17 de março de 2020. Já era conhecido e temido na China, Europa, América do Norte e pelo mundo afora, como a Itália que chorou milhares de mortos num piscar de olhos. A partir daí, todos conheceram o poder devastador de um terrível coronavírus, responsável pela Covid-19.

O que se viu depois, nas  terras brasileiras, foi um organismo microscópico que mostrava o seu potencial destruidor do Oiapoque ao Chuí e era fatal em qualquer região, fosse ela de clima quente, frio ou temperado. Logo, o Brasil tornou-se refém do que era invisível aos olhos humanos, o vírus, e do que se via a olho nu, a ignorância. Esta, acentuada pela politização das correntes de direita, de esquerda, do centro, de qualquer lado aonde pudesse se levar vantagem. 

Foto: Google Imagens

Qualquer vantagem, em qualquer condição, estabelecida pela insistente e ridícula Lei de Gerson (associada à disseminação da corrupção e ao desrespeito às regras de convívio para a obtenção de vantagens) arraigada na cultura brasileira. Assim, sob um cenário  de uma doença contagiosa avassaladora, que trouxe consigo a escassez de insumos para o combate à pandemia, os corruptos encontraram facilidades para os desvios de recurso do Estado e muitos gestores desonestos assim o fizeram. Que a Justiça não seja branda com eles.

Por outro lado, as medidas para o combate à doença deveriam ser de responsabilidade dos gestores públicos federais, estaduais e municipais. Ela é clara na Constituição em seu Artigo 196 "A saúde é direito de todos e dever do Estado", mas esta é apenas uma retórica do direito, não aplicou-se em sua conformidade. E assim, à morte de cada pai, mãe, avô, avó, irmão, primo, tio e todo congênere de uma família, pela Covid-19, enterrava-se precocemente uma vida e nascia uma dor, um descontentamento, uma saudade. 

Enquanto o vírus se precipitava furioso e letal, avançava também o desrespeito do Presidente e dos seus apoiadores às orientações de combate à doença. Tomados pela picardia, engendraram um plano maquiavélico de isenção às milhares de mortes diárias. Por meio de manobras rudes, culpabilizaram sempre os outros pelas perdas e não tomaram para si a responsabilidade de salvar vidas. Faltou ao governante geral a sensibilidade de unir o país sob um armistício político, todos juntos, engajados em uma única frente de batalha contra a Covid-19. 

Ao invés disso, era pública a idiotização, o descaso e o escárnio do Presidente e dos seus aliados frente à doença, com a propagação de um discurso medíocre de negação a tudo que a Ciência propunha, desde o uso da máscara à vacinação. Obtuso, antipático e antipacífico, o Presidente ignorava o poder de contágio do vírus e promovia espetáculos grotescos de aglomeração, cercado por aqueles que o idolatram ou precisam garantir sua "boquinha" no Governo. Assim, uniam-se na perversidade e no deboche para desdenhar das centenas de milhares de vidas perdidas.

Hoje, 19 de junho de 2021, o Brasil ocupou o segundo lugar no número de mortos pela Covid-19 no mundo, com 500.868 vítimas, atrás apenas dos Estados Unidos com mais de 600 mil. Uma marca lamentável e vergonhosa para o país, atestando que "estamos à deriva", como bem frisou o ex-ministro da saúde Luiz Henrique Mandetta, em nota à marca de meio milhão de mortes no país pelo vírus.

Enfim, o Blog Encontro Com a Saúde presta a sua solidariedade e respeito à dor de toda família que perdeu um ente querido para a Covid-19 e que hoje chora uma ou mais ausências.  É uma saudade que ultrapassa a casa dos 500 mil cidadãs e cidadãos brasileiros, contabilizando centenas de milhares de pobres, alguns milhares de ricos, anônimos e famosos. "A saudade aqui é dos amigos perdidos para a Covid-19: Ivan Lino e Evilson Nunes".



Texto: Vanderley Moreira  (Jornalista editor do Blog Encontro Com a Saúde)

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