quarta-feira, 20 de maio de 2020

Mais de 4,4 mil profissionais da saúde já foram infectados pelo coronavírus no Ceará

17% dos casos confirmados de Covid-19 no Ceará são em profissionais de saúde — Foto: Reuters
Maioria das confirmações se concentra em Fortaleza (3.151). Número representa cerca de 17% de todos mais de 26 mil casos confirmados da doença provocada pelo novo coronavírus no estado.


Pelo menos 4.450 profissionais da área testaram positivo para Covid-19 no Ceará, segundo dados da Secretaria da Saúde do Estado, atualizados até a noite desta segunda-feira (18). Isso representa cerca de 17% de todos mais de 26 mil casos confirmados da doença provocada pelo novo coronavírus no estado.

A maioria das confirmações se concentra em Fortaleza (3.151), Caucaia (184), Sobral (124), Maracanaú (63) e Eusébio (50). Conforme a plataforma, há 3.279 trabalhadores da saúde recuperados e outros 5.878 estão em investigação.

As profissões mais atingidas até agora, conforme o levantamento da Secretaria da Saúde, são os técnicos ou auxiliares de enfermagem, que já somam 1.338 com a doença, enfermeiros (736), médicos (707) e agentes comunitários (181).
Os técnicos e auxiliares de enfermagem também representam a maior quantidade de óbitos em decorrência da Covid-19. Conforme a plataforma, foram registrados seis casos fatais de trabalhadores da profissão, além de quatro médicos, um profissional da biotecnologia e um enfermeiro, totalizando 12 mortes pela doença.

Os dados diferem da quantificação realizada por entidades como o Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos em Serviços de Saúde no Estado do Ceará (Sindsaúde-CE)), o Conselho Regional de Enfermagem (Coren-CE) e o Conselho Regional de Medicina (Cremec-CE).

Somados os informes das instituições, são, pelo menos, 19 profissionais da saúde mortos pelo novo coronavírus, sendo três médicos, nove trabalhadores (técnicos, auxiliares em enfermeiros) ligados à Enfermagem; uma auxiliar de saúde bucal; dois auxiliares de serviços gerais; um maqueiro; um agente comunitário; e dois agentes de combate às endemias.
Vítima
Um dos profissionais que não consta na lista da Secretaria é o agente de combate às endemias Leopoldo Ribeiro e Silva, de 62 anos. O trabalhador atuava no Distrito Técnico da Regional III de Fortaleza e faleceu no dia 4 de maio deste ano por complicações decorrentes da infecção viral.
Em nota, a Prefeitura Municipal de Fortaleza negou que o agente de endemias Leopoldo Ribeiro e Silva estivesse trabalhando em campo. Segundo a Pasta, ele “estava atuando em regime de Home Office, desde o início do Decreto Municipal estabelecendo as diretrizes de prevenção a Covid-19 na capital”, pontuou.

Nas palavras de um parente: “Ele era um homem de bem, cidadão, nunca deixou faltar nada na família, cheio de vida, alegre. Eu me inspiro muito nele porque ele era a base da nossa família, aquele que nunca deixou faltar nada, trabalhador, e essa doença destruiu a minha família”,

Leopoldo, além de ter idade acima de 60 anos, o que o insere no grupo de risco da Covid-19, também tinha hipertensão. Contudo, segundo o parente, o agente de endemias trabalhou 10 dias em home office e, após uma mudança nas diretrizes da unidade de saúde em que ele atuava, gerenciada pela Prefeitura de Fortaleza, voltou para as atividades na rua.

“Colocaram ele novamente de volta no campo alegando uma reunião que eles fizeram. Isso custou a vida dele, que já estava perto de se aposentar. É uma negligencia sem fim, da Prefeitura. Eu acredito que essa ordem não pode ter vindo lá de cima do alto escalão”, avalia o parente.

De acordo com a Secretaria Municipal da Saúde, também em nota, a Pasta “segue as orientações da Organização Mundial de Saúde (OMS) e atende as recomendações do decreto municipal Nº 14.652, de 19 de abril de 2020”. O texto em questão permite aos profissionais de saúde trabalharem de forma remota.

Falta de EPIs
Para a presidente do Sindsaúde, Marta Brandão, um dos principais problemas enfrentados pelos profissionais da saúde é a falta de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e formas de explicar aos trabalhadores como utilizá-los da melhor maneira.

“A gente vê isso com grande preocupação. Sabemos da dificuldade de aquisição (de EPIs), é um problema global, mas não se pode mandar soldado para guerra sem proteção. A munição dos profissionais da saúde são os equipamentos de proteção”, pontua.

Em nota, a Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) informou que o fornecimento de EPIs está regular “nas unidades de gestão da Sesa para os profissionais da linha de frente no enfrentamento à pandemia da doença”. Conforme a Pasta, “o Governo do Estado realizou compra de 270 toneladas de EPIs para atender as unidades hospitalares”. A SMS, por sua vez, afirmou que fornece aos profissionais de saúde, além de EPIs, testes rápidos para diagnóstico da doença, apoio psicológico e vacinação contra gripe H1N1.

https://g1.globo.com/ce/ceara
Por Carlos Eduardo Freitas, G1 CE

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