sexta-feira, 17 de agosto de 2018

Quase metade da população adulta do mundo agora é hipertensa, de acordo com as novas diretrizes da ACC/AHA

Foto: Internet
Um novo estudo sugere que, de acordo com a nova definição de hipertensão da American College of Cardiology (ACC)/American Heart Association (AHA) – pressão arterial acima de 130/80 mmHg – os níveis da doença em países em desenvolvimento são agora similares aos dos Estados Unidos.

"Com a antiga definição do JNC-7 (Seventh Report of the Joint National Committee on Prevention, Detection, Evaluation, and Treatment of High Blood Pressure) de 140/90 mmHg, a prevalência de hipertensão em países em desenvolvimento era mais baixa do que nos Estados Unidos. Porém, com esta nova definição, parece não haver muita diferença na prevalência em diferentes países, com a hipertensão afetando quase metade da população mundial", disse o autor principal Dr. Gulam Muhammed Al Kibria, da University of Maryland, Baltimore (EUA), ao Medscape. Contudo, a nova definição de hipertensão pode ter um impacto limitado nos países em desenvolvimento. "A maioria das pessoas nos países em desenvolvimento nunca teve a pressão arterial aferida. Portanto, todas estas novas pessoas agora consideradas hipertensas, provavelmente não serão identificadas," disse Kibria.
Por outro lado, a mensagem de que quase metade da população é hipertensa pode levar os governos destes países a promoverem mais ações de conscientização sobre a doença e de aconselhamento para o estilo de vida. "Devido aos recursos limitados, os sistemas de saúde de países em desenvolvimento não têm focado no cuidado preventivo de doenças crônicas como a hipertensão. Esta doença também não ganhava prioridade, pois segundo a definição antiga, ela era menos prevalente que nos países desenvolvidos", afirmou Kibria. "Contudo, esta nova definição sugere que a hipertensão é um grande problema tanto em países em desenvolvimento quanto em países ricos, e que é preciso fazer mais para tratar desta doença", disse. 

O estudo foi publicado on-line em 13 de julho no JAMA NetworkLink

Dobro da prevalência
Os pesquisadores queriam estudar a prevalência de hipertensão em países em desenvolvimento de acordo com as novas definições contidas nas diretrizes da ACC/AHA. Eles selecionaram o Nepal, pois dados confiáveis sobre pressão arterial estavam disponíveis naquele país, ao contrário de muitos países em desenvolvimento. E os pesquisadores acreditam que o Nepal é representativo de muitos outros países em desenvolvimento do subcontinente indiano e da África.
Os pesquisadores utilizaram dados do 2016 Nepal Demographic and Health Survey, uma pesquisa populacional realizada em 2016-2017 na qual mais de 14.000 pessoas de todo o Nepal tiveram a pressão arterial medida. Os resultados mostram que 44,2% eram hipertensos de acordo com as diretrizes ACC/AHA 2017, comparados com 21,2% segundo a definição JNC-7. "Portanto, a nova definição foi associada com um aumento absoluto de 23%, e mais do dobro no número de pessoas consideradas hipertensas", disse Kibria.
Um estudo similar nos Estados Unidos mostrou que a prevalência de hipertensão aumentou de 31,6%, de acordo com a antiga definição JNC-7, para 45,6% segundo a nova definição ACC/AHA 2017. "Considerando a morbidade e mortalidade associadas com a hipertensão, esta doença é um grande desafio de saúde pública para o Nepal e para outros países com características sociodemográficas parecidas", escrevem os pesquisadores. "Nossos resultados dão a dimensão da importância de implementar mais programas de conscientização para controle da hipertensão, assim como de ações para minimizar as complicações associadas a esta doença. Além disso, pesquisas deste tipo em outros países podem ser úteis para estimar a dimensão do problema em cada nação", concluem.

Consequências de longo alcance
Em um comentário que acompanha o artigo, o Dr. David A. Watkins, University of Washington, Seattle (EUA), escreveu que este estudo leva a uma discussão importante sobre a alocação de recursos para o tratamento de hipertensão em um contexto de escassez, em países de baixa renda.

Fonte: Medscape
Sue Hughes, equipe Medscape

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