Promover a inclusão, o acolhimento e a segurança é papel
importante da equipe que presta assistência médica e fundamental para garantir
o atendimento humanizado em saúde. Em casos de pacientes desospitalizados, que
contam com a ajuda de cuidadores para dar continuidade ao tratamento em casa, a
humanização também perpassa o cuidado da família com o paciente. Esse trabalho
é realizado no Hospital Geral Dr. Waldemar Alcântara, do Governo do Ceará, por
meio do Serviço de Atendimento Domiciliar (SAD).
Há três anos, a dona de casa Ana Maria Prado e a filha
Adriele deixaram o município de Pacoti (a cerca de 100 km de Fortaleza), no
Maciço de Baturité, em busca de atendimento para a menina. A criança esteve
internada por dois anos na Unidade de Cuidados Especiais (UCE) Pediátrica do
HGWA. Recebeu alta médica em maio de 2017 e passou a ser acompanhada pelo SAD.
"O atendimento no hospital é muito bom, não tenho do que reclamar. Quando
Adriele chegou em casa, estranhou, porque o movimento é bem diferente. Hoje,
está adaptada, teve nenhum problema", diz a mãe.
Adriele é portadora de encefalopatia não identificada, um
mal funcionamento do cérebro. Devido ao quadro clínico, a menina precisou
submeter-se à traqueostomia, abertura de um orifício na traqueia (parte
anterior do pescoço) para facilitar a entrada de ar, e à gastrostomia, fixação
de uma sonda para alimentação. Pensando na inclusão da filha, Ana Maria
instalou a antiga cânula, tubo utilizado na traqueostomia, em uma das bonecas
de Adriele. Ela diz que o intuito era fazer com que a filha se identificasse
com o brinquedo. "O cirurgião veio fazer a troca do traqueóstomo dela e
tive a ideia. Escaldei a sonda e coloquei na boneca. Quando fiz isso, há uns
três meses, ela ficou observando mais essa boneca e achei melhor não tirar mais
a sonda", conta.
O cirurgião de cabeça e pescoço Pedro Collares, que fez a
troca do traqueóstomo da paciente, afirma que, mesmo com as limitações pelo
estado de saúde da menina, a iniciativa da mãe foi importante por gerar empatia
e inclusão da filha. "Independentemente da capacidade de interação dela,
só o cuidado da mãe em se preocupar que a filha tenha um brinquedo que atenda
às necessidades dela é muito importante. A mãe transformou a boneca em opção de
brinquedo com que a criança pudesse se identificar mais. Isso mostra o cuidado
dela e a preocupação com a inclusão", avalia o médico.
Qualidade de vida
Segundo a psicóloga do SAD, Renata Mesquita, o serviço
promove a qualidade de vida tanto aos pacientes quanto aos que cuidam deles.
"Isso se dá na construção do vínculo equipe-família e na construção do
cuidado dos próprios cuidadores, que vai refletir na qualidade de vida dos
pacientes. A humanização visa a qualidade de vida do paciente e o tratamento
diferenciado. A equipe lembra do paciente não pela doença que ele tem, mas pelo
que observa todos os dias quando faz a visita. É aquele paciente que tem aquela
casa, com dois cachorros, que a mulher é costureira, por exemplo. Humanização é
tratar além da doença", ressalta.
Para Renata, um dos diferenciais do atendimento são as
reuniões mensais entre os profissionais do Waldemar Alcântara e as famílias,
que visam debater a situação individual de cada paciente. "O objetivo é
estreitar os vínculos de confiança com a equipe, para que a família possa
entregar os cuidados do paciente a nós, acreditando que a equipe está disposta
a fazer o melhor por ele", define. Conforme a psicóloga, as equipes
consideram a situação de cada família, pois há casos em que o cuidador não pode
deixar a residência para participar nas reuniões no HGWA. Nessas condições, os
encontros ocorrem na casa da família.
Pedro Collares explica que é comum cuidadores do SAD
encontrarem alternativas criativas para lidar melhor com os pacientes e
ajudarem no tratamento. "Quem está cuidando, não precisa ter formação,
nível superior, para ter boas ideias. Basta ter boa ideia, boa vontade e um pouco
de criatividade", afirma o cirurgião.
A psicóloga Renata Mesquita destaca ainda que, ao inserir
a sonda na boneca, Ana Maria materializou o que a filha vivencia. "Para
essa mãe, essa adaptação na boneca também foi importante, para que possa
observar a forma com que está vivenciado o sofrimento, acompanhando como a
filha está. É uma forma de externar o que está vivendo como cuidadora",
pontua Renata.
Além do atendimento da equipe multidisciplinar do SAD,
Adriele conta com os equipamentos e medicações garantidos pelo Hospital
Waldemar Alcântara. De acordo com Ana Maria, a filha foi diagnosticada com
encefalopatia aos seis meses de idade. Após a internação no HGWA, a mãe diz que
percebeu algumas evoluções no quadro da criança. "O pescoço, ela não
conseguia sustentar. Antes da fisioterapia, não tinha firmeza nas mãos. Depois
do tratamento, ela ficou mais durinha", comenta.
A enfermeira Leiry de Sousa também é uma das
profissionais acompanha Adriele em casa. Segundo ela, o quadro da menina é
estável. Para a profissional, Ana Maria é muito empenhada nos cuidados com a
filha, mesmo com as limitações do cotidiano. "Sem dúvida, essa mãe
transparece dedicação e amor. E a sonda é interessante tanto para a adaptação
quanto para humanização", define.
Serviço de Atendimento Domiciliar
De janeiro a novembro deste ano, o SAD atendeu, em média,
196 pacientes em casa. Criado em 2003, o serviço do HGWA faz a desospitalização
de pessoas com doenças crônico-degenerativas. A reintegração domiciliar do
paciente melhora a qualidade da assistência e reduz o número de reinternações,
como também garante o cuidado especializado e humanizado e a otimização dos
recursos disponíveis.
Para ser incluído no SAD, o paciente deve estar
internado, possuir domicílio em Fortaleza, ter a presença de um familiar ou
cuidador responsável. O programa é dividido em três núcleos de assistência:
Programa de Assistência Domiciliar (PAD adulto), Programa de Assistência
Ventilatória Domiciliar (PAVD adulto) e o Programa de Assistência Domiciliar
Pediátrico (PAD pediátrico).
O HGWA é responsável por dar suporte e continuidade de
tratamento a pacientes atendidos nas emergências e pronto-atendimentos do
Estado. No hospital são realizadas cirurgias gerais, urológicas, vasculares e
pediátricas, atendimento neonatal, pediátrico e adulto, funcionando sob modelo
de gestão de Organização Social. De janeiro a novembro de 2017, o hospital
realizou 3.345 cirurgias e 7.161 internações. O Hospital Waldemar Alcântara
atende exclusivamente usuários do Sistema Único de Saúde (SUS).
Assessoria de Comunicação do Hospital Geral Waldemar
Alcântara
Lusiana Freire
(85) 3216-8393/ 98777-1677 / 8970-4300
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