sexta-feira, 7 de julho de 2017

Município de Groaíras parte na frente para abolir a prática da "Ambulânciaterapia" às gestantes

Foto: Arquivo do Blog Encontro Com a Saúde
O Blog Encontro Com a Saúde traz uma postagem que diz respeito a um fenômeno bem conhecido em Sobral entre os gestores e os profissionais da saúde, chama-se a "Ambulânciaterapia". Mas o que é este fenômeno? A "Ambulânciaterapia" é o descarrego de pacientes em Sobral, seja em casos graves ou não, realizado por gestores públicos das cidades vizinhas, ou distantes, nos equipamentos de saúde local. Na maioria das vezes isso acontece sem o devido encaminhamento referenciado da Central Reguladora da Secretaria da Saúde do Ceará (SESA), que distribui os pacientes entres os hospitais locais.
É algo que superlota as emergências, especialmente a Maternidade Sant'Ana da Santa Casa de Misericórdia de Sobral, cujo perfil de atendimento é a emergência de alto risco, e, habitualmente, acolhe gestantes em situação de parto normal ou com simples complicações que poderiam ser resolvidas no município de origem. Entretanto, o descaso por boa parte de prefeitos e secretários municipais, que não investem na saúde da sua cidade, leia-se recursos disponíveis para um bom trabalho das equipes médicas e de enfermagem, faz com que muitos se utilizem da "Ambulânciaterapia". 
Isto é um fato corriqueiro de conhecimento das autoridades responsáveis pelo gerenciamento da saúde municipal, estadual e federal, porém é uma prática habitual e permanente. A vantagem, para aqueles que se utilizam desse expediente, é que os gestores se eximem das suas responsabilidades, transferem competências e se livram, como diz a gíria, do "abacaxi", que os outros descasquem e comam. Consequências deste abuso e descaso: atendimento precarizado nas unidades hospitalares voltadas para a emergência, estresse das equipes de saúde e, o mais grave, as mortes decorrentes desta prática irresponsável. Acontece, que muitos destes gestores estarão sempre com uma justificativa na ponta da língua para não abolirem a "Ambulânciaterapia": o pires na mão, a falta de verbas, falta de profissionais médicos que queiram ir para as cidades pequenas, entre outras. Enfim, as velhas desculpas para legitimar o descarrego de pacientes menos graves, principalmente gestantes, pelas portas dos hospitais de Sobral.
Equipe de profissionais responsável pelo primeiro parto de 2017 realizado na cidade de Groaíras no dia 23 de junho
Porém, neste contexto viciado e irresponsável da "Ambulânciaterapia", vale destacar a ação louvável do gestor municipal do vizinho município de Groaíras. Ressaltamos que este  Blog não está sendo patrocinado pelo prefeito desta cidade quando publica esta notícia. Vejamos, então, a postagem institucional da Prefeitura de Groaíras, no Facebook: "Hoje, 23 de junho, nasceu saudável a primeira cidadã Groairense do ano de 2017 no Hospital e Maternidade Joaquim Guimarães. O procedimento foi realizado por uma equipe preparada sob a coordenação dos médicos Dr. Flávio (Diretor Administrativo do Hospital) e Dr. José Nilson (plantonista) e da equipe de enfermagem, Sra. Francisca (enfermeira), Alexandra e Daniele (técnicas de enfermagem). Pacientes que estavam presentes no local parabenizaram o esforço e comprometimento da gestão em manter uma equipe eficiente e principalmente, por testemunharem a volta deste importante serviço que há muitos anos não funcionava no município. A mamãe, que vive a emoção de dar a luz ao seu primeiro filho, passa bem juntamente com seu bebê."
Bebê nascido em Groaíra, livre dos prejuízos trazidos pela prática da "Ambulânciaterapia"
Há o que comemorar. A cidade de Groaíras mostra que é possível realizar partos normais no próprio município e faz uma provocação aos demais municípios que não os fazem. A atitude mostra compromisso com a saúde das mamães e dos bebês. O não deslocamento da cidade natal evita o risco de acidentes no percurso, complicações do parto até se encontrar uma vaga na Santa Casa, Hospital Dr. Estevam ou Hospital Regional Norte (HRN), o estresse da família, a pressão sobre os profissionais de saúde, entre outros problemas. Assumindo a responsabilidade do atendimento ao parto das suas gestantes, o gestor público apresenta uma outra via que não seja apenas a da "Ambulânciaterapia" e que isto é possível. O parto realizado no Hospital e Maternidade Joaquim Guimarães traz incontáveis benefícios à saúde da mãe e do bebê.
Há ainda, agregada nesta ação, a desconstrução, de pelo menos uma das várias justificativas relatadas pelos gestores, de que faltam médicos que queiram atuar em cidades pequenas. A prova disso, é a presença dos dois médicos no procedimento: Dr. José Nilson e Dr. Flávio Mendes. Ambos são formados pelo Curso de Medicina de Sobral da Universidade Federal do Ceará (UFC), e que trazem todo treinamento da prática obstétrica durante a formação na Maternidade Sant'Ana da Santa Casa. Juntamente com uma equipe de enfermagem qualificada, sob a coordenação da enfermeira Francisca Maria Portela, e as técnicas de enfermagem Alexandra e Daniele, foi possível realizar o primeiro parto na cidade em 2017. Conforme a notícia institucional, há anos, este procedimento não era realizado no  Hospital e Maternidade Joaquim Guimarães. 

Em tempo:Esta notícia não tem cunho político, não se agrega à correntes partidárias e não pretende desqualificar gestões anteriores do município. Não usamos este canal para querelas de políticos, portanto não há necessidade de direito de resposta, pois trata-se de um fato noticioso.

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