Na manhã deste feriado, 1º de maio, os sobralenses não imaginariam que deixariam as suas casas para uma última homenagem ao conterrâneo Belchior. Fãs e amigos foram ao Teatro São João, mesmo os que nunca lhe conheceram pessoalmente, para um adeus final. Desde cedo, uma longa fila se formou na calçada do teatro, onde o corpo do cantor foi velado e depois transportado para Fortaleza. Belchior, de 70 anos, que teve uma breve passagem pelo curso de Medicina mas não seguiu carreira, morreu na madrugada do domingo, 30 de abril, em Santa Cruz do Sul (RS).
Com quase 40 anos de carreira, o cantor e compositor sobralense é uma referência na Música Popular Brasileira (MPB), com canções como "Rapaz Latino Americano", "Paralelas", "Medo de Avião", "Galos, Noite e Quintais", entre outras, que atravessaram a sua própria linha do tempo e alcançaram diversas gerações. Uma saudade de "um rapaz latino americano, sem dinheiro no banco, sem parentes importantes e vindo do interior..." tomou conta da cidade e comoveu uma legião de fãs que o esperavam "...no coração do Brasil", para um último adeus. Vá em paz Belchior.
Belchior sempre foi muito atencioso com os seus fãs |
Belchior largou curso de medicina
"Nasci em Sobral (CE), uma cidade muito musical. Estudei música quando adolescente e não pensava em virar profissional. Fui para Fortaleza cursar medicina. Lá, conheci as novidades da MPB, além de ouvir jazz e blues. Surgiram festivais, ganhei alguns e fui convidado a apresentar um programa na TV de Fortaleza, de 68 a 70. Astros como Roberto Carlos, Maria Bethânia, Chico Buarque e outros participaram, e o contato com eles me incentivou a sair de Fortaleza rumo ao Rio. Deixei a faculdade no quarto ano. Largar tudo e ir para a estrada. Penei durante seis meses, cheguei a morar na rua. Em 71, ganhei um festival universitário com `Na Hora do Almoço' e gravei um compacto. Vim para São Paulo, e foram mais quatro anos de dureza, morando de favor. Participei do programa de TV `Misturação', do Walter Silva, que canalizava a nova geração da MPB, tipo eu, Fagner, Secos & Molhados e Walter Franco. Em 74, fui contratado pela Continental/Chantecler, onde gravei `Belchior', meu primeiro LP. O contrato era ruim. Outros nomes começaram a gravar minhas músicas, mas minha carreira só engrenou no final de 75. A Elis Regina incluiu `Como Nossos Pais' e `Velha Roupa Colorida' em seu show `Falso Brilhante', e a Polygram, depois de me enrolar durante meses, me contratou. Lancei o LP `Alucinação' no final de 75, e aí o sucesso chegou".
Belchior, 50, é cantor e compositor (Depoimento dado a Fabian Décio Chacur, free-lance para a Folha)
"Nasci em Sobral (CE), uma cidade muito musical. Estudei música quando adolescente e não pensava em virar profissional. Fui para Fortaleza cursar medicina. Lá, conheci as novidades da MPB, além de ouvir jazz e blues. Surgiram festivais, ganhei alguns e fui convidado a apresentar um programa na TV de Fortaleza, de 68 a 70. Astros como Roberto Carlos, Maria Bethânia, Chico Buarque e outros participaram, e o contato com eles me incentivou a sair de Fortaleza rumo ao Rio. Deixei a faculdade no quarto ano. Largar tudo e ir para a estrada. Penei durante seis meses, cheguei a morar na rua. Em 71, ganhei um festival universitário com `Na Hora do Almoço' e gravei um compacto. Vim para São Paulo, e foram mais quatro anos de dureza, morando de favor. Participei do programa de TV `Misturação', do Walter Silva, que canalizava a nova geração da MPB, tipo eu, Fagner, Secos & Molhados e Walter Franco. Em 74, fui contratado pela Continental/Chantecler, onde gravei `Belchior', meu primeiro LP. O contrato era ruim. Outros nomes começaram a gravar minhas músicas, mas minha carreira só engrenou no final de 75. A Elis Regina incluiu `Como Nossos Pais' e `Velha Roupa Colorida' em seu show `Falso Brilhante', e a Polygram, depois de me enrolar durante meses, me contratou. Lancei o LP `Alucinação' no final de 75, e aí o sucesso chegou".
Belchior, 50, é cantor e compositor (Depoimento dado a Fabian Décio Chacur, free-lance para a Folha)
Dicas do Belchior
Intuição
"Acho fundamental você seguir a sua intuição, o seu coração; fazer o que realmente gosta é mais passível de dar certo".
Aproveite suas limitações
"É preciso conhecer seus limites, a ponto de transformá-los em características pessoais, Como Bob Dylan e Chico Buarque, tidos antes como maus cantores e hoje respeitado".
Filosofia
"Minha filosofia era a hippie, de ir para a estrada, aprender a conviver com as dificuldades, em especial as financeiras, ter paciência, não desistir".
Fonte: Folhateen (São Paulo, segunda, 28 de abril 1997)
Veja o vídeo do último adeus a Belchior em Sobral
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