quarta-feira, 9 de novembro de 2016

Novembro Azul: Médico oncologista alerta para diagnóstico precoce do câncer de próstata


Santa Casa de Misericórdia de Sobral promove uma série de atividades com a campanha Novembro Azul. Médico Oncologista Radioterapeuta João Evangelista da Ponte detalha os fatores de risco da doença

Novembro é o mês dedicado à conscientização sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer de próstata. A doença é a segunda maior causa de morte oncológica entre os homens, perdendo apenas para o câncer de pele. O médico oncologista radioterapeuta da Santa Casa de Misericórdia de Sobral, João Evangelista da Ponte, atua na área há 42 anos. De acordo com ele, o diagnóstico precoce é necessário para elevar as chances de cura.

Entre os fatores de risco para o aparecimento do câncer de próstata estão a idade. Homens a partir de 40 anos são mais suscetíveis à doença. Por isso, é necessário que os homens desta idade estejam atentos aos exames periódicos com o urologista como um exame físico minucioso, o toque retal e o exame de sangue que verifica níveis de PSA (antígeno prostático específico).

Na programação do mês na Santa Casa de Sobral estão inclusas palestras sobre conscientização do câncer de próstata, panfletagem, marcação de cerca de 50 exames de exame de sangue para quantificar níveis de PSA para os colaboradores acima de 45 anos e mutirão com médicos urologistas.

Confira entrevista exclusiva concedida pelo médico João Evangelista da Ponte ao Portal StaCasa. As informações são para a conscientização da população em geral.

Portal StaCasa – O câncer de próstata é uma das principais causas de morte oncológica em homens? Qual a previsão de casos para o Brasil?

João Evangelista da Ponte – A estimativa de novos casos de câncer de próstata no Brasil para o ano de 2016 é de 74.690. Sendo que deste número, 13.940 serão diagnosticados nas capitais e os demais casos serão constatados nas cidades dispersas pelos estados. Quando nos debruçamos sobre os quadros de resumos estatísticos das estimativas de câncer no Brasil, verificamos que a taxa bruta de incidência é discretamente maior nos grandes centros urbanos com uma cifra média de 3,11%. Isso significa dizer que, quando há 1000 novos casos de neoplasia maligna da próstata no estado, esse numero se transposto para a capital teríamos 1.030 novos casos.

Acredita-se que esta discreta variação do número de casos de neoplasia prostática nos grandes centros deve-se a fatores ambientais. Ainda não há estudos suficientes para afirmar com certeza que essa afirmação seja uma verdade cientifica, mas os estudos apontam para fatores ambientais. No Brasil, os estudos confiáveis são aqueles publicados anualmente pelo Instituto Nacional do Câncer, INCA RJ, onde fiz residência médica nos idos 1977/1978 em oncologia-radioterapia. Naquela época, as residências médicas eram de dois anos, não existia a figura pré-requisito como existe hoje. Para se fazer uma especialização médica, entrava-se direto na especialidade escolhida.

Quero deixar uma observação, que o aumento do número de novos casos de câncer de próstata está muito bem ilustrado no trabalho apresentado pela Drª Miren Maite Uribe Arregi, mestre em Saúde Pública e coordenadora do Registro de Câncer do Instituto do Câncer do Ceará (ICC), apresentado em 1996. Constatava naquela época que o câncer de próstata, que hoje é de maior incidência entre os homens, os números incluía a doença como a quarta no ranking de incidência total. Percebe-se que há um aumento acentuado desta patologia masculina.

Portal StaCasa – Qual a incidência do câncer de próstata no Estado do Ceará?

João Evangelista – A estimativa da incidência do câncer de próstata para o estado do Ceara, em 2016, seguindo o Instituto Nacional do Câncer (INCA RJ) é a seguinte. O estado do Ceará tem uma população estimada de 8.880.000 e apresenta um taxa bruta de incidência de 57,52 por 100 mil habitantes. Ressaltamos que o sexo para este estudo é o número de homens no estado do Ceara, que é igual a 4.312.500 homens. Se aplicarmos a taxa bruta a este número, teremos 3.140 casos de câncer de próstata para o ano de 2016. Sendo 2.550 no interior e 590 na capital. Devo ressaltar que estes dados são frutos de um trabalho estatístico e, como tal, passível de pequenas variações, mas nem por isso deixam de ser considerados para fins de programação das metas de saúde pública focando a oncologia.

Portal StaCasa – É possível prevenir o câncer de próstata ou apenas diagnosticar? O diagnóstico precoce assegura a cura dos pacientes?

João Evangelista – Quanto à prevenção do câncer de próstata, tal como acontece com o câncer de mama, não há procedimento preventivo. O que existe é um rastreamento preventivo, sistemático, visando à detecção precoce tumor. A cura de um câncer só será possível se três fatores estiverem juntos no exato momento do diagnóstico, quais sejam: 1) Estadiamento. Em tumores avançados, a cura é difícil mesmo em países avançados. O diagnóstico precoce é fator essencial na chance de cura do câncer. 2) O médico que vai assistir o paciente deve ser especialista em oncologia, deve conhecer o comportamento biológico do tumor para tratá-lo com eficácia. 3) O arsenal terapêutico disponível ao profissional oferecido pela instituição onde o médico trabalha é fator determinante para que esse profissional oncologista alcance resultados satisfatórios. Numa unidade de oncologia para ter acreditação é indispensável o investimento continuado em equipamentos, recursos humanos bem treinados, reciclados, e outros insumos sem os quais qual quer serviço fica a desejar.

Portal StaCasa – Como se faz o diagnóstico e o tratamento do câncer de próstata?

João Evangelista – O diagnóstico do câncer de próstata tem uma sequência de procedimentos a serem observados, como se segue. 1) Exame físico minucioso. 2) Toque retal – necessário, indispensável, posto que, este exame instrui ao medico o tamanho, consistência e se existem lesões palpáveis através do reto. 3) PSA (Antígeno prostático específico). 4) Biopsia. 5) exame de imagem especifico para diagnóstico do câncer de próstata. 6)Biópsias de gânglios linfáticos para diagnóstico do câncer de próstata. 7) Estadiamento (tamanho) do câncer de próstata 8)Taxa de sobre vida.

O tratamento do câncer de próstata é realizado envolvendo um ou mais médicos oncologistas, posto que o tratamento, dependendo do estadiamento, será: 1) Cirurgia. 2) Cirurgia e Radioterapia. 3) Radioterapia. 4) Hormonioterapia. 5) Pode haver outros tratamentos terapêuticos conforme casos nos quais a doença se manifeste.

Portal StaCasa – O homem com histórico de câncer de próstata ou de outros tipos de câncer em parentes próximos  tem maiores chances de desenvolver a doença?

João Evangelista – Sim. Existe uma assertiva no meio dos pesquisadores que é difícil de entender: “Só tem câncer quem pode, não tem câncer quem quer.” Absurdo, não? Os pesquisadores explicam com amenidade esta afirmação macabra para nós. Para eles, o câncer só se manifesta ou vitima uma pessoa se esta (pessoa) tiver um patrimônio imunológico deficiente. O que quer dizer este autor? Quer dizer o seguinte: “Se uma pessoa possuir um sistema imunológico competente, nunca terá câncer. A despeito de ter vários casos na família”.

Portal StaCasa – Quais são os fatores de risco para o aparecimento do câncer de próstata?

João Evangelista – Os fatores de riscos no aparecimento do câncer de próstata são vários. 1)Idade. O câncer de próstata raramente aparece antes dos 40 anos. 2) Raça. O câncer de próstata é mais frequente em homens de descendência africana e outras raças.  3) Nacionalidade. A doença é mais comum na América do Norte, Noroeste europeu, Austrália e Ilhas Caribenhas. 4) Historia familiar. Ter parente de primeiro grau com câncer de próstata mais que duplica o risco de um homem ter câncer de próstata. 5) Genes. Alterações genéticas aumentam o risco da doença. Ex: Mutações nos genes BRCA – 1 ou BRCA – 2, os mesmos que aumentam nos tumores de mama e ovário nas mulheres. 6) Dietas. Pessoas que se alimentam por longo tempo com dietas excessivamente ricas em cálcio. 7) Obesidade. É crença entre os médicos urologistas que obesidade seja fator de risco. 8) Tabagismo. Aumenta o risco de câncer de próstata (entre fumantes). 9) Inflamação da próstata (prostatites). 10) Vasectomias. Apenas referências em homens com menos de 35 anos.

http://stacasa.com.br/site/
Terezinha Fernandes (Assessoria de Imprensa/SCMS)

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