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| O médico Dr. Rafael Gurgel, gastroenterologista |
No Brasil, até 50% da população pode ter algum grau de intolerância ao leite e seus derivados e uma grande parcela destas pessoas não possuem um diagnóstico preciso, levando a uma perda na qualidade de vida. Por ser um problema que possui diversos sintomas, é muitas vezes mal diagnosticado ou subdiagnosticado. A Lactose é o principal carboidrato (açúcar) encontrado no leite e seus derivados. Em nosso meio, são produtos amplamente utilizados e consumidos em todas as refeições na culinária brasileira. A população tem um consumo grande de leite que, segundo o Ministério da Agricultura, está crescendo num ritmo de 2% ao ano, com perspectiva de aumentar mais de 7% ao ano pelas iniciativas do governo federal de compra e distribuição de leite.
O Brasil é o quarto produtor mundial de leite, com 34 bilhões de litros em 2014. Segundo as recomendações do Ministério da Saúde, o consumo de leite de um adulto tem que ser de, aproximadamente, 219 litros/ano ou 600ml/dia para desenvolvimento e manutenção da saúde óssea, muscular e cerebral, auxiliando nos transtornos de TPM (Tensão Pré-Menstrual) e de ajuste da flora bacteriana intestinal.
Para sua efetiva utilização pelo organismo, esse açúcar deve ser digerido pela enzima Lactase, encontrada no intestino delgado dos humanos, que faz a “quebra” da lactose em glicose , que é o açúcar absorvido e utilizado como fonte de energia, pelo organismo.
Como ocorre a Intolerância à Lactose?
Para que não ocorra a má digestão de lactose é necessário que haja pelo menos 50% de atividade da enzima Lactase no intestino. A nossa capacidade de digestão e absorção do leite cai com a idade e várias pessoas chegam a adquirir um grau de deficiência ao longo dos anos, podendo ocasionar sintomas que causam diversos incômodos. Essa queda é determinada geneticamente, especulando-se que, no Brasil, até 50% da população pode desenvolver um grau de intolerância à lactose.
Há exames que diagnosticam a Intolerância à Lactose?
A má digestão da lactose pode ser diagnosticada por exame chamado de “teste de hidrogênio expirado” ou teste sérico (sanguíneo) que avalia de forma indireta a má absorção. Estes exames têm a vantagem de avaliar o grau de má absorção e sua possível correlação com os sintomas.
Quais são os sintomas?
Existem formas variadas dependendo do grau de intolerância ao leite, podendo ter: náuseas, vômitos, eructações (arrotos), dor abdominal, distensão abdominal (empachamento), flatulência e diarreia. Além de muitas doenças terem relação como, por exemplo: síndrome do intestino irritado, diarreia crônica, doença celíaca e doença de Crohn.
Qual é o tratamento?
O tratamento clássico para a intolerância à lactose é a retirada de produtos lácteos da alimentação para melhora dos sintomas. Porém, a restrição desses alimentos por longa data pode favorecer a deficiências nutricionais de cálcio, fosforo e vitaminas. Para tanto, uma opção pode ser o uso de alimentos fermentados à base do leite que se mostra eficiente na intolerância; porém, devido a grande variedade de alimentos e grau de intolerância, a restrição sempre será individualizada.
Lista dos principais alimentos:
Grau 1: Maior teor de lactose (5-50%)
Leite de vaca, leite em pó, leite condensado, sorvetes a base de leite e queijo ricota
Grau 2: teor intermediário (2- 3%)
Iogurte desnatado ou integral e coalhada caseira
Grau 3: Menor Teor (0,01 – 2%)
Queijo Minas, mussarela, prato, parmesão e Yakult, manteiga e creme de leite
Em geral, produtos derivados de leite são bem tolerados. Não esqueça de sempre consultar uma ajuda especializada para que você saiba se há alguma intolerância à lactose e, assim, possa usufruir da forma correta e satisfatória dos laticínios e derivados e, qualquer surgimento dos sintomas como os descritos, exige uma reavaliação com o especialista.
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