Estudos sugerem interação de fatores genéticos e ambientais no Transtorno do Espectro do Autismo (TEA). Um estudo sueco avalia se os filhos de mulheres portadoras da Síndrome dos Ovários Policísticos tem maior risco de apresentarem o problema
Estudos indicam que na etiologia do Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) há interação de fatores genéticos e ambientais. No entanto, não se sabe exatamente como isso ocorre, o que dificulta o desenvolvimento de medidas efetivas de diagnóstico e prevenção do problema. O transtorno afeta quatro vezes mais meninos do que meninas. Recentemente, surgiram evidências de que a exposição pré-natal aos hormônios androgênicos contribui para o desenvolvimento do transtorno. Mulheres portadoras da Síndrome de Ovário Policístico (SOP), um estado associado com excesso de andrógenos, teriam prole com risco aumentado de TEA.
Para esclarecer esta intrigante questão, pesquisadores suecos realizaram estudo caso-controle, com dados da população de crianças de 4 a 17 anos, que nasceram na Suécia, entre 1984 e 2007. A amostra foi composta de 23.748 casos de TEA e 208.796 controles, pareados por sexo, região, mês e ano de nascimento. SOP e TEA foram definidos a partir dos registros médicos disponíveis nos bancos de dados nacionais. Resultado mais importante, a SOP materna aumentou as chances de TEA, na prole, em 59%, após o ajuste para diversos fatores. O risco do problema foi ainda maior para as mulheres que apresentavam SOP e obesidade, ao mesmo tempo. Vale lembrar que a obesidade é condição comum nos casos de SOP e está relacionada com aumento importante dos hormônios androgênicos.
A hipótese é que mulheres portadoras de SOP secretem quantidade anormalmente elevada de hormônios andrógenos, inclusive durante a gravidez. Mas as mulheres portadoras da SOP que estão pensando em ter filhos não devem se apavorar. Os próprios pesquisadores enfatizam que as causas subjacentes do vínculo entre a SOP e a TEA “não estão completamente claras e que são necessários novos estudos. Por isso é muito cedo para fazer recomendações específicas”. Muitas mulheres, com ou sem ovários policísticos, devem estar pensando: ainda bem.
(Kosidou et al. Maternal polycystic ovary syndrome and the risk of autism spectrum disorders in the offspring: a population-based nationwide study in Sweden. Mol Psychiatry. 2015).
Blog Dr. Alexandre Faisal
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