O mês de abril nem terminou e o Ceará já superou este ano o
número de transplantes de córnea e coração realizados no primeiro quadrimestre
de 2015. No ano passado, de janeiro a abril, foram realizados 261 transplantes
de córnea e seis de coração. Este ano, até o dia 22 de abril, foram feitos no
Estado 272 transplantes de córnea e sete de coração. “Precisamos que esses
números cresçam cada vez mais para atender a demanda da fila de espera que tem
16 pacientes aguardando a doação de um coração. Assim, temos que continuar
empenhando esforços para que a população seja solidária para o ato de doar”,
destacou João David de Souza Neto, coordenador da Unidade de Transplante e
Insuficiência Cardíaca do Hospital de Messejana.
O aposentado Francisco Antônio da Silva, 65 anos, é um dos
novos transplantados de coração. Ele era portador de uma miocardiopatia
isquêmica. Há nove meses, após sofrer um infarto, passou a viver de forma
limitada. Teve que deixar o trabalho de motorista porque não conseguia mais
caminhar. O inchaço do corpo e a falta de ar eram constantes. Hoje, após ter
recebido o novo coração há um mês, Francisco já se sente diferente. “Estou bem,
tranquilo, muito feliz, nasci de novo”, revelou com palavras de gratidão a Deus
e à equipe do Hospital de Messejana.
Atualmente, 16 adultos e cinco crianças aguardam a doação de
um coração na fila do transplante cardíaco. Entre os pacientes está Diogo
Felipe da Silva, de 18 anos, que veio do Estado do Pará em busca de um novo
coração. Ele precisa da doação com urgência. Sobrevive com a ajuda do
dispositivo de assistência ventricular mecânica, mais conhecido por coração
artificial.
O Hospital de Messejana é referência nacional em transplante
cardíaco e o único do Norte e Nordeste a realizar transplante cardíaco
pediátrico. O HM está entre os três principais centros transplantadores do
país, junto com o Instituto do Coração (Incor) e do Instituto Dante Pazzanese,
os dois de São Paulo. Caracterizado pelo Ministério da Saúde e Ministério da
Educação como Hospital de Ensino, a unidade integra também a Rede Nacional de
Pesquisa Clínica em Hospitais de Ensino, ligada ao Departamento de Ciência e
Tecnologia do Ministério da Saúde, compondo também a Rede Nacional de Hospitais
Sentinela da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Córnea
Neste mês de abril, 12 médicos oftalmologistas
transplantadores de córnea do Ceará participaram do primeiro Curso de
Transplante Lamelar, promovido pela Central de Transplantes da Secretaria da
Saúde do Estado, em parceria com a Sociedade de Oftalmologia do Ceará, Hospital
de Olhos Leiria de Andrade, Banco de Olhos do Hospital Geral de Fortaleza (HGF)
e Banco de Olhos do Ceará. Objetivo de curso: qualificar no uso do novo método
os 15 centros transplantadores de córnea do Estado – 13 em Fortaleza, um em Sobral
e um em Barbalha, onde atuam 13 equipes transplantadoras, 11 delas na capital.
No transplante de córnea lamelar posterior, apenas a camada
endotelial, disfuncional, da córnea é substituída por tecido doador saudável,
sem a necessidade de cortes na superfície ou pontos. O transplante de córnea
“tradicional”, a Ceratoplastia Penetrante, é um procedimento mais invasivo, no
qual todas as camadas corneanas, inclusive as não doentes, são transplantadas.
Nos casos em que é indicada, essa técnica proporciona um resultado refrativo e
visual mais rápido e melhor, se comparado com os transplantes de córnea
convencionais, também chamados transplantes penetrantes, que requerem tempo de
recuperação do paciente de até um ano.
A córnea é a superfície transparente que cobre o centro do
olho e constitui a sua importante lente. Quando a córnea se torna opaca por
doenças, trauma, infecção ou outra causa, a visão pode diminuir drasticamente.
Como não existe um substituto para este tecido, o transplante depende
exclusivamente da doação de córnea. Em 2015 o Ceará bateu o seu próprio recorde
de transplante de córneas com a realização de 831 procedimentos. Desde a
criação da Central de Transplantes do Estado, em 1998, foram realizados no
Ceará 7.653 transplantes de córnea no Ceará.
Recorde
Além do recorde de 1.433 transplantes no ano passado, o
Ceará tem a melhor taxa de transplantes de fígado do Brasil, é o terceiro
estado do país em doadores efetivos de tecidos e órgãos e tecidos para
transplantes por milhão da população (pmp) e também o terceiro em transplantes
de órgãos de doadores falecidos, conforme dados do Registro Brasileiro de
Transplantes (RBT) relativo ao ano de 2015. Este ano, foram realizados no
Estado até a sexta-feira, 22 de abril, o total de 406 transplantes – 64 de rim,
7 de coração, 42 de fígado, 1 de pulmão, 18 de medula óssea (10 autólogos e 8
alogêncios), 272 de córnea e 2 de esclera.
O Brasil tem hoje o maior sistema público de transplantes do
mundo, no qual cerca de 95% dos procedimentos e cirurgias são feitos com
recursos públicos. O Ceará, anualmente, fica entre os Estados que mais realizam
transplantes de órgãos no país, com recordes sucessivos. Além do elevado nível
de especialização e excelência das equipes transplantadoras no Ceará e do
trabalho das comissões intra-hospitalares, um dos principais fatores que
contribuem para o crescimento no número de transplantes é a solidariedade
característica dos cearenses. São sensíveis à doação de órgãos e tecidos. Para
ser um doador não precisa deixar mais nada por escrito. Basta avisar a sua
família sobre a sua vontade de doar e ajudar a salvar vidas.
Assessoria de Comunicação da Sesa
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