Antes mesmo de o bebê chegar ele já transforma a vida das
mães, começando pelo corpo. Além de ganhar uns quilinhos, no período de
gestação as mulheres passam por um processo de mudança hormonal que requer
atenção especial para manter a saúde em dia ‒ inclusive a da boca. A princípio,
todos os tratamentos odontológicos possam ser feitos, desde que no período
certo da gestação e com os devidos cuidados. Ainda assim, uma pesquisa
realizada pela Cigna com grávidas e novas mães, com idade entre 21 e 45 anos,
concluiu que 76% das entrevistadas relataram problemas de saúde bucal durante a
gravidez. Porém, apenas 43% declararam que tinham feito exames dentários
durante a gestação.
Conforme Sonia Groisman (CRORJ 12848),
professora da UFRJ e representante e membro da Global Child Dental Fund, nesse
período a mulher fica mais vulnerável à doença periodontal e pode sofrer com a
inflamação das gengivas, pois a elevação dos níveis de estrogênio e
progesterona no sangue e tecidos facilita o aumento da quantidade de bactérias
na cavidade oral. A doença periodontal na gravidez traz riscos não só para a
gestante, que pode até perder dentes, mas também para o bebê. A inflamação que
acontece na gengiva tende a se disseminar pelo sangue, liberando substâncias
que chegam até a placenta e promovem a contração do útero, podendo causar o
nascimento prematuro do bebê.
Segundo o especialista em
odontopediatria e autor do livro Tratamento Odontológico para Gestantes,
Gabriel Tilli Politano (CROSP 74931), a possibilidade das alterações hormonais
facilitarem o desenvolvimento da doença periodontal é a única alteração
cientificamente comprovada no período da gravidez. Todos os demais dizeres
populares como o de que “a gestação causa cárie” ou que “toda grávida perde um
dente” não passam de mitos.
Os exames de raios X costumam ser
aliados dos dentistas na hora de dar um diagnóstico ao paciente e, caso o
profissional precise deles, não deve evitá-los. Desde que a paciente esteja com
um avental de chumbo que cubra a tireoide e toda a barriga, os riscos para o
bebê são quase zero, já que a radiação vai sendo acumulada ao longo do tempo e,
só assim, poderia causar algum dano. “Nem o médico, nem o dentista vão poder
evitar radiografias para se chegar a um diagnóstico, mas se for apenas um
protocolo do dentista, que ele sempre pede para todo mundo, não deve fazer na
gestante”, diz Politano.
Em casos de fratura de dentes ou cárie
nos quais a extração seja necessária, ela não deve ser evitada, pois os riscos
de complicações serão inferiores aos benefícios do procedimento. Porém,
cuidados por parte do dentista são essenciais. O ideal é que o profissional
converse com a paciente antes do tratamento, entre em contato com o médico,
confira a pressão da gestante e a frequência cardíaca; Também é necessário verificar
quais medicamentos e anestésicos são mais indicados, além da forma e da
quantidade em que devem ser utilizados. É preferível optar por remédios para
controle de dor, como o paracetamol, pois os anti-inflamatórios, como o
diclofenaco, podem interferir na formação circulatória do bebê.
Cuidados por períodos de
gestação
No primeiro trimestre da gestação, os
órgãos vitais do feto estão se formando. Nesse período, o indicado é que os
dentistas eduquem a paciente sobre alterações orais durante a gestação, mostrem
a importância da higiene oral e do controle de placa. No segundo trimestre,
devem ser feitos os tratamentos necessários, como raspagem, polimento ou
clareamento.
A partir do terceiro trimestre de
gravidez, o ideal é que o profissional passe a instruir e motivar a mãe a
cuidar da saúde oral do bebê após o nascimento, alertando sobre a necessidade
do exame da linguinha e de visitas ao odontopediatra após o surgimento do
primeiro dente. Conforme Sonia, no terceiro trimestre ocorre um aumento do fluxo
salivar, o que faz a gestante estar mais suscetível aos enjoos, e exige do
dentista, habilidade para deixá-la mais confortável. Conhecer todos os
procedimentos a serem seguidos e estar confiante para a consulta também é
importante para transmitir tranquilidade para a paciente.
Fonte: Msn Saúde
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