Adicionar legendaOsvaldo Nascimento, professor titular de neurologia da Universidade Federal Fluminense
- 02-02-2015 / Alexandre Cassiano |
RIO — Especialista em síndrome de
Guillain-Barré, o professor titular de neurologia da Universidade Federal
Fluminense (UFF) Osvaldo Nascimento está preocupado com o diagnóstico da doença
à medida que avança a epidemia de zika. Nascimento, cuja equipe já atendeu a 16
pacientes com a síndrome associada à infecção pelo zika só em janeiro, diz que
o diagnóstico é complexo, e muitos médicos não sabem identificar corretamente
todas as variantes.
A polirradiculoneuropatia ou
síndrome de Guillain-Barré recebeu nova classificação. E muitos médicos têm
dificuldade de reconhecer todas as suas manifestações clínicas. Isso é muito
grave no momento em que surgem casos associados ao zika. Temos visto um maior
número de pacientes com esse quadro e alguns apresentam complicações mais
severas que o quadro clássico — afirma Nascimento, que é presidente da
Associação de Neurologia do Estado do Rio (Anerj)
É o caso do professor de química
Jonas Antônio Ávila França Júnior. Aos 33 anos, ele está internado na UTI do
Hospital Universitário Antônio Pedro, da UFF, em Niterói. Jonas manifestou os
sintomas de Guillain-Barré poucos dias após apresentar um quadro de zika, no
início de janeiro. Paralisado, ele movimenta apenas os olhos e respira com a
ajuda de aparelhos.
O caso dele mostra comprometimento do sistema nervoso
central. Temos que investigar se há relação entre zika e casos assim — diz
Nascimento.
O diagnóstico preciso é essencial, porque a doença evolui
depressa observa o médico.
A síndrome de Guillain-Barré costuma começar com sensação de
dormência, formigamento ou agulhadas nos pés. A pessoa sente fraqueza.
Isso pode durar um dia, o tempo varia. Mas, em geral,
depois a síndrome acomete os braços e chega à face. A pessoa passa a não
conseguir fechar os olhos direito. Ela também perde os reflexos profundos. Se
tocarmos no joelho, no teste clássico, ela não responde — diz Nascimento.
Nos casos severos, a síndrome causa problemas renais,
respiratórios e cardíacos. E pode chegar a provocar encefalite, quando acomete
o sistema nervoso central. Embora provoque paralisia, Guillain-Barré também
pode vir acompanhada de dores intensas.
É uma doença muito séria e esses pacientes precisam ser
logo atendidos. Isso faz diferença no risco de morte e de sequelas e na
recuperação. E quanto mais rápido for o avanço dos sintomas, pior o prognóstico
— diz o neurologista.
Publicidade
Ele frisa que a suspeita de que o zika possa provocar casos
de Guillain-Barré torna urgente a melhora no diagnóstico e no atendimento:
Infelizmente, não é isso que temos visto.
No dia 20, especialistas se reunirão em Natal para discutir
a nova classificação da doença.
Fonte: O Globo
Nenhum comentário:
Postar um comentário