A pesquisadora cearense Katiane Queiroz, 36, desenvolveu
estudo para produzir em larga escala a proteína lactoferrina humana (LF), que
poderá ser utilizada para a prevenção e tratamento do câncer. Os resultados do
projeto financiado pela Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento
Científico e Tecnológico (Funcap) foram apresentados à comunidade científica no
último dia 24, durante defesa de tese de doutorado.
O estudo foi orientado pelos pesquisadores Marcelo e
Luciana Bertolini, responsáveis pelo primeiro clone transgênico caprino da
América Latina e dos trópicos, em 2014. Também estão envolvidas na pesquisa
equipes dos laboratórios moleculares da Universidade Estadual do Ceará (Uece) e
Univeridade de Fortaleza (Unifor) e do laboratório de Farmacologia e Oncologia
da Universidade Federal do Ceará (UFC).
Proteína produzida naturalmente pelo corpo humano, a
lactoferrina fortalece o sistema imunológico e atua no combate de infecções.
Ela está presente em pequena escala no leite materno e secreções como saliva,
lágrimas, sêmen, fluidos vaginais e gastrointestinais, além de mucosa nasal e
bronquial.
"Nós pegamos o DNA humano que produz essa proteína,
inserimos junto ao DNA do caprino para ele produzir em seu leite a proteína
humana que queremos em grande quantidade", explica Katiane. Com esse
leite, a pesquisadora espera produzir biofármacos (remédios e vacinas) e até
nutracêuticos, como são chamados os alimentos funcionais.
Nos testes em laboratório, essa proteína foi eficaz
contra células cancerígenas, que em contato com a lactoferrina produzida pela
cabra sofreram apoptose (morte celular). A ideia é que esse leite seja
utilizado em benefício dos pacientes de câncer e até como futura alternativa
aos tratamentos atuais agressivos, como quimioterapia.
A pesquisadora busca agora investigar o papel da proteína
contra o vírus Zika, como antienvelhecimento e também no tratamento do
Alzheimer. "Precisamos de apoio financeiro e técnico para continuar a ver
os efeitos desse leite contra a degeneração celular. A partir do momento que a
gente trabalha com animais, biologia molecular, podemos inserir DNA de animais
em outros para resolução de problemas da humanidade", frisa ela.
Katiane é graduada em Biologia e Zootecnica pela Uece e
UFC, respectivamente. Ela ainda é mestre em Reprodução Animal pela UFC e agora
doutora pela Rede Nordestina de Biotecnologia (Renorbio).
Fonte: O Povo
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