Uma dor de cabeça que pode se desenvolver em períodos de
festas onde as pessoas tendem a beijar mais, como no Carnaval, por exemplo,
pode estar perto de acabar: viver com feridas de herpes. Vinícius Pedrazzi,
professor de Odontologia da Universidade de São Paulo (USP), descobriu,
acidentalmente, uma fórmula que "seca" em um dia as ferias provocadas
pelo vírus.
Em entrevista ao O POVO Online, o pesquisador conta que
há 18 anos estava atendendo uma paciente vaidosa e insistente. Ela pedia uma
prótese. No dia de entregar a placa dentária, ele percebeu que a garota estava
com grandes lesões na boca. O dentista, que não costuma atender pessoas com
feridas de herpes, abriu uma exceção e realizou o implante. "Senti uma
grande necessidade de atender uma paciente que estava com lesões de herpes. É
chato recusar, mas a paciente insistiu muito. Passei um protetor no labio dela
e dei uma anestesia.", relembra Pedrazzi.
Horas depois do mesmo dia, a mulher contatou o professor
alegando que todas as feridas tinham sumido. Ele diz ter ficado assustado.
"Algumas horas mais tarde ela ligou no meu consultório e quis saber o que
eu tinha feito com as feridas dela dizendo: 'Elas secaram em poucas horas,
nunca havia acontecido isso comigo'", comentou. Movido pela curiosidade, o
estudioso iniciou uma pesquisa e descobriu que o desaparecimento estava ligado
à anestesia aplicada nas áreas da lesão durante o procedimento.
Segundo o professor, o gel surgiu de uma
"necessidade de consultório". A partir daí, com a ajuda do professor
e farmacêutico Osvaldo de Freitas, ele desenvolveu um gel que se aplicado três
vezes, de oito em oito horas, praticamente acaba com as lesões. O dentista relata
que o produto demorou a ser divulgado por estar em fase de testes e pelas
descobertas que foram sendo feitas.
Vinícius Pedrazzi garante que há melhora no quadro
clínico. Menos de 15% dos pacientes não têm sucesso total (sumiço de todas as
feridas sem reincidência). Atualmente é conduzida uma pesquisa sobre o creme
com 115 pacientes. Os testes são apoiados pela Fundação de Amparo à Pesquisa do
Estado de São Paulo (Fapesp) e pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico (CNPq).
Estética
De acordo com Pedrazzi, a pomada tem uma vantagem
estética, pensando justamente no emocional de uma pessoa com o herpes, que
sofre com preconceito e constantes pressões sociais. A pomada fica branca no
começo da aplicação mas logo depois fica incolor, não deixando marcas."Já
estamos na segunda fase da pesquisa, mas o problema é que o vírus e a sua
manifestação dependem muito do estado psicológico e hormonal do
indivíduo", pontuou.
MATHEUS FACUNDO
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