segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

Novas diretrizes publicadas sobre obesidade pediátrica e preconceito

A American Academy of Pediatrics e a Obesity Society emitiram uma declaração conjunta de política sobre o preconceito infantil e em adolescentes com experiência em obesidade.
"Embora sejam realizados muitos esforços para ajudar crianças e adultos a alcançar e a manter um peso saudável, muitos desses esforços não abordam as consequências sociais da obesidade, especificamente aquelas relacionadas ao preconceito e à discriminação", escrevem os autores.
O Dr. Stephen J. Pont, do Texas Center for the Prevention and Treatment of Childhood Obesity, Dell Children's Medical Center of Central Texas, Ascension, Austin, e do Departamento de Pediatria da Dell Medical School na University of Texas, em Austin, e colaboradores, apresentam a declaração de política em um artigo publicado on-line em 20 de novembro em na Pediatrics.
"Tratar crianças e adolescentes com obesidade significa mais do que apenas mudar hábitos nutricionais e de atividade física. É também necessário abordar o impacto social e emocional que o excesso de peso pode ter na qualidade de vida", disse o Dr. Pont em um comunicado à imprensa.
"Por meio destas novas recomendações esperamos incentivar abordagens mais eficazes e empáticas na maneira pela qual abordamos e cuidamos de crianças e famílias com obesidade."
Embora alguns acreditem que o preconceito relacionado ao excesso de peso ou à obesidade pode motivar os pacientes a realizar mudanças positivas, ele induz a alguns comportamentos nocivos, incluindo compulsão alimentar, isolamento social, evasão de serviços de saúde, redução da atividade física e aumento de peso adicional ao longo do tempo. Estes comportamentos podem exacerbar a obesidade e tornar ainda mais difíceis as mudanças saudáveis de comportamento.
"Os jovens enfrentam a provocação e a vitimização na escola, pelos colegas, devido ao peso, mas às vezes também em casa, pelos pais", disse no comunicado a coautora Rebecca Puhl, PhD, vice-diretora do Rudd Center for Food Policy and Obesity e do  Department of Human Development and Family Studies, da University of Connecticut, em Storrs, e membro da Obesity Society.
"Esta questão precisa estar no radar dos profissionais de saúde pediátricos, que podem estar entre os poucos aliados a oferecer apoio e ajudar a evitar que os jovens prejudiquem ainda mais essas experiências."
Os pediatras e os profissionais de saúde pediátrica devem modelar o comportamento solidário e imparcial em relação a crianças e famílias com obesidade, incluindo o reconhecimento da complexa etiologia da obesidade. Eles devem "usar linguagem apropriada, sensível e não preconceituosa durante a comunicação sobre o peso com os jovens, as famílias e outros membros da equipe de cuidados pediátricos", escrevem os autores. Os exemplos incluem o uso da linguagem "que privilegia as pessoas", como "criança com obesidade" em vez de "criança obesa".
Nos registros clínicos e ao se comunicarem com pacientes e famílias, os clínicos e os profissionais de saúde devem usar linguagem sensível ao paciente, como "peso prejudicial" ou "peso muito prejudicial" em vez de "obesos" ou "obesos mórbidos".
Os pediatras devem usar "abordagens para a mudança de comportamento empáticas e centradas no paciente", incluindo entrevistas motivacionais como uma estrutura para ajudar pacientes e famílias a realizar mudanças saudáveis.
"Crie um espaço seguro, acolhedor e não preconceituoso para jovens com obesidade e suas famílias", escrevem os autores. Isso inclui acomodar os pacientes com vários tamanhos de corpo em todo o ambiente clínico.
Os clínicos devem avaliar os pacientes com relação ao bullying baseado no peso observando "comorbidades físicas, mas também emocionais e exposições negativas associadas à obesidade, incluindo bullying, baixa autoestima, desempenho escolar fraco, depressão e ansiedade".
Os pediatras e os profissionais de saúde pediátrica também devem lutar contra o preconceito relacionado ao peso, trabalhando com as escolas para garantir que as políticas antibullying abordem o bullying baseado em peso; trabalhar para melhorar a descrição das pessoas com obesidade na mídia; defender a inclusão de treinamento sobre preconceito relacionado ao peso nas escolas de medicina, nos programas de residência e educação médica contínua; e trabalhar "para capacitar famílias e pacientes para gerenciar e enfrentar o preconceito relacionado ao peso nas escolas, nas comunidades e nas próprias casas", explicam os autores.
"Ao avaliar os próprios vieses de peso, modelar a comunicação e o comportamento de forma sensível a crianças e famílias com obesidade, e tomar medidas para abordar o preconceito relacionado ao peso com seus funcionários, em seus ambientes clínicos e nas comunidades mais amplas, os profissionais de saúde pediátricos podem fazer mudanças importantes na cultura dos cuidados a crianças com obesidade.
Com esses esforços combinados para reduzir o preconceito relacionado ao peso, as intervenções podem ajudar e capacitar os pacientes de forma mais eficaz para melhorar a saúde deles com relação ao peso", concluem os autores.

Fonte: Medscape
Troy Brown

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