Boa alimentação e um estilo de vida saudável estão
associados à prevenção de várias doenças. Uma dela é o câncer de mama.
Doença que afeta predominantemente mulheres (também pode
ocorrer em homens), o câncer de mama é o segundo tipo mais frequente no mundo e
o mais comum em mulheres. No Brasil, a estimativa de novos casos para 2012 foi
de mais de 52.000, segundo o Instituto Nacional do Câncer. A taxa de
mortalidade por este tipo de câncer continua elevada em nosso país, tendo
superado as 12.000 mortes no ano de 2010. Segundo dados da Organização Mundial
da Saúde, a incidência do câncer de mama tem crescido em todo o mundo,
independente da condição econômica do país.
Uma das estratégias para tentar reduzir a incidência
desta doença é a prevenção. Nas últimas décadas vários estudos epidemiológicos
têm sugerido que uma dieta saudável é um fator crítico na prevenção do câncer
de mama, e a gordura na dieta é um dos fatores mais estudados. Se por um lado a
gordura saturada (presente nas carnes vermelhas) parece estar associada a um
aumento de risco, a gordura polinsaturada produziria uma redução no risco de
câncer de mama. Porém, os resultados dos estudos observacionais em humanos são
inconsistentes. Ou seja, os resultados não são confirmados por pesquisas
subsequentes.
Um novo estudo foi publicado no último dia 27 de junho na
revista médica inglesa British Medical Journal utilizando uma revisão
sistemática da literatura científica sobre o assunto e aplicando sobre o
conjunto de resultados já publicados uma metodologia chamada de meta-análise,
que compila e analisa o conjunto dos resultados, com uma abordagem estatística
específica, conferindo à análise um maior poder. Pois esta pesquisa concluiu
que uma alta ingestão de gordura encontrada em alguns tipos de peixes (salmão,
sardinha e atum, principalmente) está associada a uma redução de 14% do risco
das mulheres desenvolverem câncer de mama num período de 20 anos.
Este tipo de estudo não tem capacidade de demonstrar uma
relação causa-efeito, e o possível mecanismo de ação é somente uma especulação,
na qual as gorduras polinsaturadas (PUFA) ajudariam a regular a atividade de
moléculas envolvidas no crescimento das células, impedindo o desenvolvimento do
câncer.
Um fator importante da pesquisa é que os autores puderam
estabelecer uma relação dose-resposta entre o consumo de peixe e a redução do
risco. Para cada 0,1 g/dia das gorduras polinsaturadas consumidas há uma
redução de 5% no risco de câncer de mama. Segundo os pesquisadores, isto
corresponde a 1 a 2 porções destes tipos de peixe por semana.
Considerando que a ingestão destes tipos de peixe está
associada a outros benefícios à saúde, que a oferta desses peixes tem aumentado
no país a preços razoáveis (principalmente da sardinha e do atum), parece valer
a pena investir na introdução deste hábito alimentar em nossas famílias como um
fator de prevenção de doenças.
Autor: Dr.
Gilberto Sanvitto - ABC da Saúde
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