Carta da Nefrologia
A Terapia Renal Substitutiva (TRS) é um tratamento que visa salvar e manter vidas.
A diálise existe no Brasil desde a década de 60, ou seja, é um tratamento recente que, em pouco tempo, teve grandes avanços científicos e tecnológicos visando a qualidade de vida dos pacientes.
Em menos de 50 anos, o número de pacientes com doença renal em tratamento de diálise no país aumentou de 500 para 122.000 pacientes, sendo que 86% dos pacientes são atendidos pelo SUS (Sistema Único de Saúde).
Um em cada 10 brasileiros tem algum grau de lesão renal, e deve ser orientado e educado para buscar o especialista para diagnóstico correto e tratamento apropriado.
O número de nefrologistas, especialistas na saúde e doença renal, hoje no Brasil é de cerca de 4.000, distribuídos pelo país com algumas regiões de concentração e outras de carência.
O número de clínicas não tem aumentado conforme a demanda, e hoje temos clinicas superlotadas na maioria dos grandes centros.
O tratamento é de alto custo e implica a utilização de equipamentos e insumos importados.
É um tratamento complexo, que exige profissionais qualificados, treinados e dedicados.
O valor pago pelo tratamento tem sido entretanto muito inferior ao custo. Embora o Ministério da saúde invista 2.7 bilhões anuais na TRS brasileira, este valor está praticamente inalterado há cerca de 5 anos. Depois de 4 anos houve um reajuste no valor de 8,47%, que porém foi insuficiente pois não cobriu a alta dos insumos e materiais, nem os dissídios trabalhistas da categoria e nem mesmo a inflação do período.
Sabemos que o País atravessa uma grande crise econômica, social e política, mas não podemos nos abater e devemos acreditar que sairemos dela.
Já enfrentamos outras crises e nossa capacidade e determinação nos permitiram até o presente sobreviver a elas.
Os nefrologistas cumprem seu dever cívico alertando as autoridades da insustentabilidade da TRS brasileira, e honram seu juramento fazendo o possível e o impossível para manter o tratamento de seus pacientes com qualidade e segurança. Não somos milagreiros.
Apelamos por soluções em vários níveis, e destacamos que sobrevivência do sistema depende de estrutura, inovação e sustentabilidade, mas a curto prazo é imprescindível o adequado reajuste dos valores pagos aos tratamentos.
Carmen Tzanno Branco Martins
Presidente da Sociedade Brasileira de Nefrologia
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