Momento da solenidade de abertura do ENA 2017, no miniauditório da FAMED/Sobral |
Momento da solenidade de abertura do ENA 2017, no miniauditório da FAMED/Sobral |
Aluno do ENA recebe em nome de todos, de forma simbólica, as apostilhas FB da Profª Rose Carvalho |
Da esquerda para a direita: Francisco de Assis, Thiago Rodrigues, Anderson Sales, Mirela Fernandes, Profª Rose Vasconcelos, Professores Lucas Carvalho e Geison Lira |
Aluna do ENA aprovada no Curso de Medicina é homenageada, juntamente com o Prof. Lucas Carvalho do FB/Sobral |
Uma parte da história
do Curso de Medicina de Sobral da UFC, em seus primeiros anos, conta com a
determinação e o protagonismo do seu corpo discente e o apoio irrestrito do
corpo docente, no que tange a criação de projetos voltados às atividades de
extensão. A própria distância do centro de comando, Fortaleza, além da
burocracia envolvida, fazia com que boa parte do desejo dos estudantes, de se
engajarem em um projeto de extensão, não fosse concretizado, até porque
qualquer projeto haveria de ser engendrado de acordo com o interesse dos
acadêmicos, e a partir daí buscar um professor para a orientação do projeto.
Entretanto, o
engajamento social de alguns alunos, fez com que fosse despertada a necessidade
de se fazer algo pela comunidade em que a UFC estava inserida. Havia o
interesse de se colocar em prática uma ação que contribuísse para a melhoria,
fosse coletiva ou individual, das condições dos atores sociais menos
favorecidos da cidade de Sobral. Com
este propósito, dois alunos, recém-ingressos no curso, que compuseram a quinta
turma, com entrada em janeiro de 2005 e término da formação em dezembro de
2010, tomando como modelo uma experiência de Fortaleza, perceberam que podiam
contribuir com a educação dos funcionários e dos seus familiares.
Assim tem início o ENA,
acontecendo de forma modesta no laboratório de histologia e patologia, já que
não havia salas suficientes para a atividade, e tendo como professores alguns
alunos do primeiro semestre como os seus professores. Embora tímida, a
iniciativa trazia o gérmen da boa semente, movida pelo interesse dos
funcionários e seus parentes, e pela dedicação e o compromisso dos alunos. O
início do ENA, como ação transformadora, porém, trazia consigo, além das
dificuldades do começo, uma gama de incertezas vivenciadas pelos alunos
professores de que aquela atividade extensiva não passasse do seu nascedouro.
Neste momento, aciona-se um docente do quadro efetivo da UFC que aceita dar status de projeto de extensão àquela
iniciativa dos estudantes.
Uma vez cadastrado como
projeto de extensão, o Espaço Novo Acadêmico (ENA) se reveste de uma importância
para a sociedade local que leva a marca da Universidade Federal do Ceará (UFC).
Passada a angústia da sua existência e continuidade, o ENA precisava agora
encontrar recursos pedagógicos que possibilitassem aos seus professores meios
mais eficientes para proporcionar aos seus alunos uma aprendizagem exitosa dos
conteúdos programáticos utilizados na seleção do vestibular, até então única
forma de acesso ao ensino superior para as IES. A ideia levou os dois alunos,
que estavam à frente do projeto, procurar o apoio em um colégio da iniciativa
privada, já que o elo de proximidade destes estudantes, por se tratarem de
ex-alunos favorecia o diálogo para apresentar o projeto ENA ao diretor
proprietário do colégio.
A princípio, buscou-se
apenas utilizar parte do material do estabelecimento de ensino, reconhecido
pelo know how nas aprovações dos
vestibulares da UFC, para a compilação de conteúdos e reprodução em formato de
fotocópia a ser usada durante as aulas. O contexto, portanto, favoreceu o
projeto quando o colégio, que fora sondado apenas para uma doação de uma
coleção das apostilas a serem reproduzidas, decidiu pela doação do material
original a cada aluno do ENA, usado pelo colégio em seu curso preparatório nos
vestibulares. Um material pedagógico, já avaliado pelos bons resultados
alcançados nas aprovações dos vestibulares da UFC, moderno e atualizado,
melhoraria e ampliaria, consideravelmente, o raio de conhecimento dos alunos do
ENA, haja vista que dispunham de um rico acervo para a superação de um aprendizado
deficitário do ensino médio que traziam consigo.
A atitude empresarial
possibilitou, ainda, que os estudantes do Curso de Medicina da sua quinta
turma, envolvidos no projeto, e motivados pelo interesse em contribuir com a
ascensão social dos seus alunos, pudessem dar uma resposta positiva à do papel
da Universidade Federal do Ceará (UFC) na sociedade em que estava inserida,
enquanto propulsora de mudanças de comportamentos e transformação social. O ENA
era a personificação de uma conjugação de esforços que reunia acadêmicos,
professores, gestores, empresariado, orientados pela nobre missão de promover
mudanças e melhorias a estudantes secundaristas privados de uma educação de
qualidade na rede pública.
O processo de
implantação do projeto, a sua organização, bem como as dificuldades enfrentadas
para a sua execução, superando a distância da sede do Curso, Fortaleza, além da
própria precarização do Curso para disponibilizar uma sala de aula é relatado
pela primeira coordenadora do ENA, a egressa da quinta turma, Débora Lins
Soares Macedo. “Em 2005, o Curso de Medicina de Sobral dispunha de poucas salas
de aula para atender o ciclo integral das atividades do seu corpo discente, então
era um grande desafio implantar um projeto como o ENA”, destaca a Debóra Macedo.
No relato da entrevistada, observa-se que a atitude de compromisso e a dedicação
incondicional dos primeiros acadêmicos professores, bem como daqueles que se
seguem, foram determinantes para que o ENA permanecesse por 15 anos como um dos
projetos de maior relevância do Curso de Medicina de Sobral e na percepção
daqueles que conduzem o processo, entre acadêmicos e gestores da instituição em
Sobral, um dos mais importantes projetos de ascensão social mantido pela
Pró-Reitoria de Extensão da Universidade Federal do Ceará.
Texto:
Antonio Vanderley Moreira (Servidor do Curso de medicina de Sobral da UFC)
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