sábado, 18 de fevereiro de 2017

Sexo depois do câncer de próstata - Dr. Diego Bezerra (Cirurgião Geral - Cirurgião Oncológico)

Depois de um tratamento contra o câncer de próstata, o grande mito que paira na cabeça dos pacientes é: minha vida sexual acabou. O medo da disfunção erétil e também da incontinência urinária, que passava longe das preocupações, torna-se questão central na vida dos homens. Sim, esses são problemas que podem acontecer, mas a boa notícia é que são reversíveis.
O tratamento do câncer de próstata, em grande parte dos casos, é feito ou com cirurgia (aberta ou robótica) ou com radioterapia. É importante informar aos pacientes que a técnica cirúrgica avançou bastante. Hoje, nós já conseguimos isolar o feixes vasculares e nervosos e prevenir o problema da disfunção erétil. Além disso, também é possível preservar o músculo esfíncter urinário, diminuindo o risco de o paciente ter incontinência.
Ainda assim, é preciso considerar a possibilidade. Mesmo com tal precaução cirúrgica, mais de 50% dos pacientes podem evoluir para uma disfunção erétil que pode ser leve ou moderada. Geralmente, isso tende a acontecer por alguns motivos, como problemas anteriores de ereção, diabetes, colesterol elevado e fumo. Trabalhar a parte psicológica é fundamental, porque a cirurgia é um trauma na vida do paciente. Por isso é importante analisar, ver se a questão já não é antiga e ter consciência de que é reversível.
O paciente, normalmente, fica apto a ter relações sexuais a partir dos 45 dias após a cirurgia, mas isso ocorre somente se o paciente não tiver nenhuma intercorrência no meio do caminho. Logo que a sonda é retirada, o médico já entra com os remédios orais (estimulantes sexuais), que vão servir como uma “fisioterapia medicamentosa”.
O homem tem em média de três a quatro ereções durante a noite, as chamadas ereções involuntárias. Mas como o órgão não está vascularizado, ele perde isso. Por isso a necessidade da reabilitação, para melhorar a irrigação na região. Seja por medicamentos orais, por injeções que são aplicadas no pênis de duas a três vezes por semana e, em último caso, por meio das próteses penianas.
Em linhas gerais, o sexo não vai mudar. Na verdade, o homem só vai deixar de ejacular por conta da retirada da próstata, ficando, portanto, infértil. Os homens reclamam da falta de ejaculação, mas a função dela é no sentido da procriação mesmo. Já o orgasmo, o fato de ele ter prazer, isso não muda. Só depende de uma ereção adequada e do fator psicológico.
Ter uma vida sexual ativa após o câncer, portanto, é possível. Mas é fundamental manter o tratamento com rigor e disciplina, seguindo fielmente as orientações do médico. Melhor que isso, é prevenir-se.

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