sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

Reflexão sobre uma "tal" de Justiça por um acadêmico de Medicina da UFC de Sobral

Acerca da atual conjuntura, quando se assiste à tanta impunidade e incoerência da justiça no País, o Blog Encontro Com a Saúde traz nesta sexta-feira, 17 de fevereiro, um texto reflexivo sobre o tema de forma introspectiva. O autor é Ivo Bradley Moura Ferreira, acadêmico do Curso de Medicina de Sobral da Universidade Federal do Ceará (UFC), que cursa o último período, no estágio do Internato em Pediatria.

O acadêmico Ivo Bradley Moura Ferreira
"Aos 26 anos nós já presenciamos algumas coisas na vida e já conseguimos experienciar algo das relações humanas; embora eu tenha a convicção de que nossas nuances, enquanto seres humanos, são infinitas e que, sendo assim, as experiências relacionais sempre nos trarão novidades (ênfase no “sempre”). Dentro dessa proposta de relação, entra uma questão, a meu ver frágil, que é o sentido de justiça, algo de conceito simples, mas de utilização mui peculiar! Até que ponto nós, objetivamente falando, aplicamos a justiça em nosso cotidiano? Falo da justiça da forma mais neutra possível, sem interferências emocionais e sem buscar benefícios próprios. Aliás, até que ponto existe a justiça neutra? Mais uma coisa: antes de aplicar determinada sentença (judicial ou não), nós procuramos pensar de fato no conceito de justiça e, em fazendo isso, nós conseguimos atrelar essa sentença a esse conceito mental de forma objetiva?
Esses autoquestionamentos têm circulado em minha mente de forma insistente nos últimos meses. Creio que, primeiro, devido ao nosso status social (às ditas crises) e, segundo, à observação do meu cotidiano mais rasteiro. Percebo (percebam que estou falando de devaneios próprios) a pouca importância dada ao tema. 
Foto: Reprodução
Tenho notado a volubilidade do sentido de justiça, que muda de acordo com a classe que se beneficia! Se, hoje, eu estou do lado beneficiário, então, creio que determinada medida foi justa! Caso contrário, não – É um pensamento simplista, um julgamento de consciência raso, mas é assim que estou percebendo cada vez mais as nossas relações. Justamente assim, rasas. É como se não nos importássemos mesmo com o outro. É como se fôssemos egoístas recalcitrantes e, pior, como se o fato de sermos assim não nos afetasse!
Diante disso e dentre já tantas questões, pergunto-me mais: aonde chegaremos com nossos relacionamentos mesquinhos e nossa ética dúbia? Até que ponto vamos seguir defendendo querelas pessoais em detrimento de outrem? Até que ponto é válida a elevação do nosso orgulho?
Não creio que são questões facilmente respondíveis nem de fácil resolução prática. Mas creio que elas são necessárias, principalmente quando geram reflexões sobre nossos atos em sociedade! Esses assuntos, penso eu, não são para ser esgotados e tampouco gerarão conceitos estáticos. Eles existem para nos produzir desconforto, do tipo que acomete às pessoas de 26 anos e que não as deixam descansar até falar sobre!" 

por Ivo Bradley Moura Ferreira

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